Para estudantes, aumento de ônibus em SP é opção política de Kassab

Militantes do Movimento Passe Livre afirmam que o reajuste é uma opção política do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab

Estudantes fazem protesto contra ônibus mais caro a partir de janeiro (Foto: Suzana Vier/Rede Brasil Atual)

Cerca de 200 estudantes protestaram, na quinta-feira (26), contra o reajuste da tarifa de ônibus em São Paulo (SP). O prefeito Gilberto Kassab (DEM) havia anunciado, na terça-feira, aumento de 10% a 15%, elevando o valor das passagens dos atuais R$ 2,30 para 2,70 ou até 2,80, no início de 2010.

Estudantes e militantes do Movimento Passe Livre (MPL) partiram do Teatro Municipal da capital, passaram em frente ao gabinete do prefeito e percorreram as ruas do centro, cantando palavras de ordem críticas ao prefeito.

“Queremos conscientizar e articular a sociedade civil para barrar esse aumento”, afirmou Lucas Monteiro, do MPL. Para Monteiro, a prefeitura quer que os paulistanos pensem que o aumento da tarifa de ônibus é natural e inevitável. “O aumento não é inevitável, é uma opção política”, diz.

De acordo com o estudante Leonardo de Sá, o prefeito se elegeu prometendo transporte coletivo de melhor qualidade, mas agora faz ao contrário. “Ele aumenta quando quiser, mas na campanha eleitoral, se elegeu prometendo melhorar   o transporte”, critica. O estudante participava pela primeira vez de um protesto nas ruas.

Pablo Ortelado, professor, que acompanhou a manifestação, também critica o reajuste, temendo o impacto da medida no orçamento dos usuários. “O sistema de transporte público de São Paulo é o menos subsidiado do mundo. Esse aumento vai penalizar boa parte da população”, sentencia.

Cálculos do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que as tarifas de ônibus mais caras em 2010 vão pesar principalmente no bolso das famílias que vivem com um salário mínimo. “Hoje, as famílias já gastam 4,3% do orçamento só em ônibus, 7,61% em transporte coletivo e 10,77% com transporte em geral”, avalia Cornélia Nogueira Porto, coordenadora de Pesquisa de preços do órgão.

O novo valor também vai representar acréscimo entre 0,43% a 0,64% na inflação da capital paulista.