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Erro de Ciro e Simone Tebet é estar na ‘oposição’ mas só atacar Lula, diz cientista político

“Lula será eleito, diplomado, formará ministério, tomará posse e governará”, afirma Alberto Carlos Almeida. “Atacar Lula e poupar Bolsonaro não faz nenhum sentido eleitoral”

Ricardo Stuckert
Ricardo Stuckert
Logo após ser eleito em 2002, Lula viajou aos EUA, onde se encontrou com o republicano George W. Bush na Casa Branca

São Paulo – Em uma série de postagens em seu perfil no Twitter, o cientista político Alberto Carlos Almeida comenta nesta quarta-feira (21) a agenda do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com representantes do Departamento de Estado dos Estados Unidos. O encontro seria com o encarregado de negócios da embaixada dos EUA no Brasil, Douglas Koneff, segundo a CNN Brasil, que antecipou a informação ontem.

Para Almeida, o encontro significa que os funcionários da embaixada e do Departamento de Estado “provavelmente foram dizer a Lula que o governo daquele país será rápido no reconhecimento de sua vitória”. Em caso de se confirmar a vitória eleitoral, na opinião do cientista político, Lula deverá marcar uma viagem aos Estados Unidos antes da posse.

“Ele fez isso em 2002 e foi recebido com pompa e circunstância por George W. Bush”, diz Almeida. Logo após ser eleito naquele ano, Lula foi aos EUA a convite de Bush e, após a reunião, afirmou que o encontro marcou um novo ciclo nas relações entre os dois países.

O analista avalia o futuro imediato com uma visão otimista, e não prevê um horizonte de golpes e quarteladas. “Lula será eleito, será diplomado, formará o ministério, tomará posse e governará. Simples assim. Quem tiver fazendo escândalo sobre golpe, Bolsonaro, militares… irá errar novamente”, acredita Almeida.

Ciro e Tebet

Na rede social, o cientista político criticou a postura dos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) e a estratégia de ambos de atacar Lula, enquanto poupam o extremista de direita e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL). Para o analista, a postura “não faz nenhum sentido eleitoral”.

Ele entende que, se Tebet e Ciro quiserem crescer, precisam tirar votos de Lula, mas roubando eleitores que acham o governo de Bolsonaro ruim/péssimo, e não mirando suas armas contra o petista. “Atacando Lula só conseguem antipatia de seus eleitores”, afirma.

No caso de Tebet, Almeida faz uma análise específica. “Simone pode estar tentando evitar a vitória de Lula em primeiro turno para negociar apoio para o segundo. A tentativa de Simone não faz sentido por dois motivos. Um é que neste caso Lula vai esperar a primeira pesquisa pós primeiro turno e só depois falar com ela”, prevê.

O problema para a candidata do MDB, caso sua ideia seja mesmo essa, segue Almeida, é que essa primeira pesquisa para o segundo turno apontará aproximadamente 60% (para Lula) a 40% (para Bolsonaro) em votos válidos, “caso em que o apoio de Simone será irrelevante”.

Para ele, o segundo motivo pelo qual a suposta estratégia da senadora não faz sentido “é que, após tantos ataques dela contra Lula, fica inviabilizada qualquer conversa. Simplesmente não haverá clima para isso”.

Em sabatina promovida pelo jornal O Estado de S.Paulo em parceria com a Faap, Simone Tebet voltou a bater na tecla da polarização. “O segundo turno entre o ex-presidente Lula e o atual presidente, se isso acontecer, é o pior dos mundos para o Brasil. O Brasil não vai ter paz”, afirmou.

Carta aberta a Ciro

Por sua vez, Ciro Gomes, ex-aliado de Lula, vem sendo cada vez mais criticado por deixar o ressentimento pessoal se sobrepor ao pragmatismo. Também nesta quarta-feira, intelectuais e líderes políticos latino-americanos dirigiram uma carta aberta ao pedetista. No documento, o grupo pede a Ciro que desista da candidatura e anuncie apoio a Lula e alertam que o embate destas eleições não é entre Bolsonaro e o ex-presidente, mas entre fascismo e democracia. E destacam que o próprio Ciro não tem chance de chegar ao segundo turno.

Questionado na rede social se a postura de Ciro e Simone Tebet não é motivada por estarem de “de olho em 2026, já pensando em ocupar o espaço de oposição” a Lula, Almeida responde que “oposição será Bolsonaro e/ou o governador de São Paulo, se Haddad não for o vencedor”.

Para Almeida, Ciro e Simone Tebet “estão fazendo campanha de candidatos de oposição sem atacar o governo e sim atacando o outro candidato de oposição”. Essa postura, para ele, “mostra como nossa elite política é despreparada”.


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