sob pressão

Em depoimento à PF, Silvinei passa mal e nega interferência nas eleições

Apesar das provas e relatos colhidos pelas investigações, ex-direto geral da PRF alegou que blitze no 2º turno eram para coibir a compra de votos

Alan Santos/PR
Alan Santos/PR
Preso desde ontem, Silvinei teve alteração na pressão e precisou de socorro médico

São Paulo – O  ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques passou mal enquanto prestava depoimento à Polícia Federal (PF), na tarde desta quinta-feira (10). Ele teve uma alteração na pressão e precisou de atendimento médico. Os policiais chegaram a questionar se Silvinei gostaria de interromper a oitiva, mas ele preferiu dar sequência. Após o depoimento, que durou quase quatro horas, ele foi encaminhado para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.

Silvinei negou que as blitze realizadas no segundo turno das eleições de 2022 fossem para impedir eleitores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de votar. Repetindo versão apresentada durante a CPMI dos atos golpistas, em junho, Silvinei declarou que o objetivo das operações seria coibir a compra de votos.

O ex-diretor foi preso ontem pela PF, durante a Operação Constituição Cidadã, que apura possíveis ações de agentes públicos para interferir no processo eleitoral. A investigação encontrou planilhas e mapas que apontam que a PRF montou blitze em cidades onde Lula obteve mais de 75% dos votos no primeiro turno, principalmente no Nordeste.

Lado na disputa

Mensagens trocadas por servidores da PRF revelaram que Silvinei determinou “policiamento direcionado” no segundo turno durante uma reunião realizada em 19 de outubro, 11 dias antes do pleito. Além disso, em depoimento a PF, outros participantes da reunião relataram que Silvinei teria dito que “havia chegado a hora da PRF tomar lado na disputa”. Ele é suspeito dos crimes de prevaricação e violência política, além de crimes eleitorais, ao tentar impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio (voto).

Relatório enviado à Controladoria-Geral da União (CGU) pelo Ministério da Justiça apontou que, entre os dias 28 e 30 de outubro, a PRF fiscalizou 2.185 ônibus no Nordeste, onde o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha mais popularidade. O número representa 31,6% do total das abordagens no país (9.133), sendo que a região concentra 17,6% da frota nacional de automóveis. 

Silvinei também virou réu por utilizar o cargo na PRF para fazer campanha aberta para Jair Bolsonaro nas eleições. Na véspera do segundo turno, em sua conta pessoal no Instagram, ele explicitamente pediu voto para Bolsonaro, derrotado no pleito.