Simbologia

Dino devolve ao STF réplica da Constituição roubada por terroristas bolsonaristas

Ministro da Justiça destaca união dos Poderes para derrotar o extremismo, e alerta para a articulação de novos atos golpistas nas próximas semanas

Rosinei Coutinho/STF
Rosinei Coutinho/STF
Réplica ficava na entrada do plenário do STF, área completamente depredada pelos invasores

São Paulo – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, entregou nesta sexta-feira (13) à ministra Rosa Weber, presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF), a réplica da Constituição de 1988 roubada durante os atos terroristas do último domingo (8) em Brasília. O diretor da Policia Federal, Andrei Passos, e a ministra Cármen Lúcia também participaram do encontro.

Um homem que mora em Varginha (MG) e participou invasão da sede do STF entregou ontem o exemplar à polícia. Ele contou que pegou a réplica da Constituição para evitar que fosse destruída. Disse que pensou em devolvê-la aos policiais ainda na capital federal, mas a situação estava “caótica”. O homem foi liberado pelos policiais, mas segue investigado.

Assim, o encontro para a devolução da Constituição demonstra a união dos Poderes contra o terrorismo, disse o ministro. “O extremismo só pode ser vencido com ampla união nacional. União que ultrapassa os poderes, as instituições e deve abranger a sociedade, porque os terroristas se nutrem do pânico”, afirmou.

A réplica ficava na entrada do plenário do STF. Durante as cenas de violência na Praça dos Três Poderes, um homem foi visto erguendo o exemplar, após subir na estátua A Justiça, que fica em frente à sede da Suprema Corte. Mais cedo, ao comentar o episódio, Dino disse que o objetivo “era rasgar, destruir materialmente” o exemplar da Constituição. “Não destruiu nem materialmente, nem simbolicamente”, acrescentou.

Novas ameaças e prisões

Após a visita ao STF, Dino afirmou que movimentos golpistas ameaçam realizar novos atos nas próximas semanas. O ministério monitora convocação para uma uma mobilização na próxima segunda-feira (16), com risco de “tentativas de ataques à infraestrutura nacional”.

Ele classificou esse tipo de investida como um crime contra o Estado democrático de direito, e que ainda impõe altos custos à sociedade. “Novamente teremos de mobilizar milhões e milhões de reais para prover segurança à infraestrutura e a prédios públicos ameaçados por pessoas que devem esperar a eleição de 2026.”

Nesse sentido, ele afirmou que as investigações contra os golpistas prosseguem, incluindo novas prisões. “Há mandados de prisão já expedidos e que serão cumpridos nos próximos dias, de modo que não há limite quantitativo. Ainda temos, infelizmente, centenas de pessoas que indiretamente participaram desses atos, e todas serão investigadas e apresentadas à PF e ao Poder Judiciários”, completou.

Minuta golpista

O ministro ainda comentou a minuta golpista que a PF encontrou na casa do ex-secretário de Segurança do Distrito Federal Anderson Torres, também ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro. Ele afirmou que o documento tem “óbvia” relevância política, demonstrando que os atos terroristas obedeciam a uma “estratégia política”.

Juridicamente, Dino entende que a minuta é uma espécie de “elo” para compreender os eventos que se sucederam desde o fim da eleição até os ataques em Brasília. “O documento é como se fosse uma peça relevante de um quebra-cabeça que está sendo montado, e esse quebra-cabeça na verdade é o itinerário criminoso”, afirmou.