Em Salvador

Ao lado de Lula, Dilma pede ‘pacto pela verdade histórica e política’

Presidenta cobra que militantes petistas mantenham viva memória das transformações realizadas em dez anos de governo

PT Bahia

Para Dilma, oposição tenta usar manifestações para desgastar governo

Salvador – A presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva estiveram na noite de ontem (24) em Salvador para participar do último seminário do PT sobre os dez anos do partido no poder no Brasil. Nos discursos de ambos, um resgate da história de 33 anos do partido e defesa do modelo de gestão, bem como alfinetadas na oposição, que segundo os petistas tenta a todo momento desqualificar as conquistas dos governos Lula e Dilma.

A presidenta pediu aos militantes petistas que defendam o legado dos dois governos para que se estabeleça um “pacto pela verdade histórica” na comparação com a oposição tucana. Lula voltou a ironizar a imprensa, que, segundo ele, reproduz o pensamento conservador.

Lula falou primeiro e contou os primórdios da criação do PT e sua própria evolução de pensamento político. Segundo ele, as lições retiradas de derrotas seguidas e de como tratar a escalada ao poder deram “maturidade” à legenda para assumir a Presidência em 2003. Por conta disto, foi possível transformar décadas de reivindicações de classes e movimentos populares em políticas públicas, inéditas até então.

Lula exaltou os movimentos de rua e disse que, atualmente, a oposição tenta fazer crer que as últimas manifestações reprovam o modelo petista de governar. “Prestem atenção porque muita gente quer que as pessoas esqueçam o que fizemos nos últimos dez anos. E não são poucas pessoas, não”, alertou. O ex-presidente disse que assumiu o cargo sabendo que não podia errar e alertou sua sucessora que, para ela, a tolerância será ainda menor.

“Eu sabia que eles não dariam uma nova chance a um peão e não vão dar uma nova chance a uma mulher. Por isto, companheira, prepare-se para o embate”, ressaltou, em direção a Dilma. Para Lula, há perseguição dos meios de comunicação que reproduzem o modelo de pensamento conservador e que este “odeia” muito mais a ela do que a ele próprio. “Eu achava que a imprensa não gostava de mim, mas eles não gostam mesmo é de você.”

Pactos e história

Em sua fala, Dilma explicou os cinco pactos que propôs à população. Para ela, cada uma das proposições tem um significado na vida atual brasileira e também se relacionam às conquistas do governo petista.

A petista acrescentou que cada militante do partido tem a obrigação de ressaltar o que o atual e o último governo conquistaram. “Que é para quando disserem que a inflação está fora de controle, saberem que não é verdade. Estamos vivendo o décimo ano seguido de controle da inflação. Em 1999, a inflação estava em 8,94%, quando a meta era entre 4,5% e 6,5%”, disse. “Eu faço questão de elencar todos esses dados porque quero que se crie um pacto pela verdade histórica e política neste país”.

Dilma afirmou acreditar que a oposição tenta usar os manifestantes brasileiros com um discurso de que os protestos populares marcam que, desde 2003, nenhum tipo de melhoria ocorreu no país. “Eles tentam fazer acreditar que atualmente estamos no marco zero, que nada foi feito antes e que agora eles é que vão fazer. Mas as mudanças não são de agora, já é um longo processo que completa dez anos”, declarou.

Ela diz não acreditar que as passeatas desejem a volta a uma situação anterior à atual e que, mais do que antes, os protestantes precisam ser vistos como o que criou a essência do PT. “Sabemos que democracia gera desejo de mais democracia”, afirmou.