Granja do Torto

Dilma cobra de ministros mais ‘compromisso, eficiência e agilidade’

Presidenta disse que Executivo terá aceleração dos projetos e ações em curso para tocar os cinco pactos propostos por ela, mas não cortará gastos com programas sociais

Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr

Dilma afirmou que tem o desafio de fazer o melhor possível com o orçamento de que dispõe

Brasília – Compromisso, eficiência e agilidade. Essas foram as três palavras utilizadas pela presidenta Dilma Rousseff ao falar sobre o tom da reunião que realizada durante a tarde e a noite de hoje (1º) na Granja do Torto, residência oficial da Presidência, com 37 ministros do seu governo, além dos presidentes da Câmara e do Senado. O objetivo do encontro é discutir a execução dos cinco pactos previstos oito dias atrás pelo Executivo para acelerar os projetos de desenvolvimento e melhoria dos serviços públicos no país, solicitados durante os protestos observados nas últimas semanas.

Numa atitude que surpreendeu sua própria equipe e os jornalistas – que aguardavam a presença de um interlocutor para falar sobre o resultado da reunião – a presidenta Dilma fez questão de explicar pessoalmente o teor das propostas. Disse que encaminha nesta terça-feira (2/7) uma mensagem ao Congresso Nacional pedindo a reforma política e sugerindo a convocação de um plebiscito e deixou claro que a comunicação do governo com a população precisa mudar, depois das manifestações e do clamor da população.

“Eu acredito que essa questão do pacto e das ruas tem de tornar qualquer dirigente politico e qualquer governante mais acessível à discussão. Vocês vão me ver muito mais discutindo com vocês. E também sendo entrevistada, daqui para frente”, assegurou.

A presidenta também demonstrou preocupação com o cenário econômico mundial e seus reflexos no Brasil e destacou a importância deste empenho ser feito em paralelo com o esforço para que seja mantida a estabilidade da economia no país.

Além do tom de cobrança aos ministros e de maior comunicação com a população por meio da imprensa, outro sinal de que o governo está mudando seu formato de administração foi o caráter da reunião em si. Desde que assumiu, em 2011, esta foi a terceira vez que a presidenta Dilma se reuniu com todo o seu ministério. Estiveram ausentes, apenas, os ministros das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e da Cultura, Marta Suplicy, porque se encontram fora do país.

Dilma Rousseff afirmou que seu governo passará a dar prioridade a projetos voltados para áreas essenciais como transporte e educação e que todo o Executivo terá de trabalhar com mais celeridade. Deixou claro, ainda, que pediu, principalmente, aos ministros de Minas e Energia, Cidades, Transportes e da Secretaria Nacional de Portos para que adiantem a execução dos programas de mobilidade urbana que estejam atrasados e os previstos para este segundo semestre, como concessões de rodovias, licitações de petróleo, distribuição de royalties e reformas de aeroportos.

Processo de aceleração

“Estamos num processo de aceleração. Não falo do PAC e sim de um processo, mesmo, de aceleração prática desses projetos”, enfatizou. A presidenta, que não quis comentar o resultado das pesquisas, divulgado no final de semana, cujos resultados mostraram redução da sua popularidade, disse que a iniciativa deflagrada nos últimos dias reflete o que pede a população.

Quanto ao fato de as medidas incluídas nos cinco pactos por ela anunciados representarem mais gastos para a viabilização dos projetos em curso, diante de um cenário econômico mundial que sugere a redução de custos, destacou que esse é um dilema observado em todas as administrações públicas, não apenas na dela. “Você tem que fazer o melhor possível com o dinheiro do orçamento que dispõe e agora temos esse desafio”, acentuou.

Outro recado passado por Dilma Rousseff foi o de que a celeridade a ser dada às obras que ainda não foram concluídas e estão sendo cobradas pela população não vai interferir na redução de gasto social no país. “As pessoas fiquem tranquilas que não há hipótese da gente reduzir qualquer gasto social. Não esperem isso de mim, porque gastos com programas como o Bolsa Família, por exemplo, jamais serão reduzidos no meu governo”, frisou.

A declaração de Dilma em relação a esse tema especificamente tocou de forma implícita nas críticas feitas nos últimos dias por parlamentares da oposição sobre a possibilidade de o governo vir a reduzir valores orçamentários em programas que estão sendo pouco executados, como uma forma de “maquiagem” para a população. “Não farei demagogia”, assegurou.