Tripoli ameaça desistir de secretaria e cria suspense na Câmara de SP

Vereador do PV pode desistir de assumir a Secretaria do Verde e Meio Ambiente no governo de Fernando Haddad (PT) e tentar embolar a eleição da mesa diretora do legislativo

O vereador do PV Robert Tripoli pode voltar atrás na decisão de ser compor o governo de Fernando Haddad em SP (Juvenal Pereira/CâmaraSP)

São Paulo – A suposta desistência do vereador Roberto Tripoli (PV) de assumir a secretaria do Verde e Meio Ambiente de São Paulo gerou hoje um clima de suspense na Câmara sobre a escolha do próximo presidente do legislativo paulistano.

Trípoli é o atual líder do prefeito Gilberto Kassab (PSD) e protagonizou uma reviravolta na eleição da mesa diretora em 2005, quando estava no PSDB e desmanchou o acordo, menos de três horas antes da votação, que previa eleger Ricardo Montoro (PSDB) à presidência. O acordo era resultado de costura feita pelo então prefeito, o tucano José Serra, mas Tripoli se aliou ao centrão, grupo de vereadores que não eram de situação ou oposição ao executivo, e acabou virando presidente. A manobra o colocou fora do PSDB.

Caso desista mesmo de ser membro da equipe do primeiro escalão do futuro prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), Tripoli poderá tentar embaralhar as peças do tabuleiro montado para colocar na presidência da Câmara o petista José Américo (PT), o PSDB na primeira secretaria e o PSD na segunda, de acordo com o critério de preenchimentos dos principais postos do legislativo conforme a representatividade das maiores bancadas de vereadores de acordo com o partido. O PT elegeu 11 vereadores, o PSDB nove e o PSD oito. Esta e a composição costurada pelo futuro prefeito e sua equipe de governo.

Tripoli negociou sua ida para a secretaria diretamente com Haddad e sua equipe de governo, sem participação da direção do PV, e teria voltado atrás por conta de mudanças de atribuições na pasta, que ficou sem a decisão de aprovar ou não os empreendimentos imobiliários, que passará para a Secretaria de Controle Urbano, pasta a ser comandada por Paula Motta Lara, por dificuldades no preenchimento dos assessores no cargo e outros motivos.

Na assessoria de imprensa do governo de transição de Haddad, até o início da noite, não havia nenhuma informação oficial por parte do vereador sobre a desistência e, para todos os efeitos, ele continua como futuro secretário.

Tripoli não compareceu à sessão na Câmara hoje, nem foi localizado no gabinete para comentar o assunto. Segundo o vereador Gilbeto Natalini (PV), como a participação de Tripoli na administração petista foi definida sem intermédio do partido, não cabe ao diretório municipal indicar outro nome e agora, caso desista mesmo, pode não haver mais tempo e clima para uma nova costura política que altere os rumos da eleição da mesa diretora.

Tanto para as lideranças do PT e como do PSDB, as duas maiores bancadas do legislativo e maiores interessadas no critério de proporcionalidade para a composição da mesa, o panorama atual deve ser mantido.

Para Floriano Pesaro (PSDB), o acordo entre as lideranças tem adesão inclusive do PSD e não deverá ter alteração caso Tripoli queira se lançar candidato. José Américo (PT) disse hoje que uma suposta desistência de Tripoli não deve alterar os rumos da composição definida de acordo com a proporcionalidade.

O vereador Marco Aurélio Cunha (PSD), no entanto, afirma que o partido ainda não fechou adesão à proposta da proporcionalidade e não está se sentido confortável com a posição de terceiro na linha de preenchimento dos cargos da mesa diretora.

 

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