conversa estranha

Defesa de hacker diz que Zambelli queria descobrir endereço de Moraes

Deputada mandou aúdios solicitando endereço do ministro Alexandre de Moraes em Brasília, mas continua negando relações com Walter Delgatti

Reprodução/Carlos Moura/SCO/STF
Reprodução/Carlos Moura/SCO/STF
"Ô Walter, não aparece nenhum endereço de Brasília, né? Precisava do endereço daqui de Brasília", diz Zambelli

São Paulo – A defesa do hacker Walter Delgatti Neto revelou nesta segunda-feira (23) que a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) pediu a ele para localizar o endereço de um integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) em Brasília. A jornalista Andréia Sadi, da GloboNews, divulgou mensagens de Zambelli com a solicitação. De acordo com o advogado Ariovaldo Moreira, trata-se do ministro Alexandre de Moraes.

“Ô Walter, não aparece nenhum endereço de Brasília, né? Precisava do endereço daqui de Brasília”, diz a voz de Zambelli num dos áudios. “Não, não pode ser, porque quadra é prédio, e ele deve morar numa casa no Lago Sul, alguma coisa assim. Deve ser coisa do STF. Isso provavelmente deve estar nos arquivos do STF como casa… casa tipo… funcional, entendeu?”, afirma a parlamentar no segundo áudio.

Delgatti encaminhou os dois áudios de Zambelli para um amigo dele que mora no interior de São Paulo, junto com mensagens atribuídas à parlamentar. Além dos áudios, Delgatti também encaminhou a seu amigo mensagens nas quais Zambelli teria dito: “Já publicou? E a decisão que fizemos? Essas contas são dele mesmo? Ah, precisava do endereço dele aqui em Brasília….”. Logo em seguida, Delgatti menciona “Xandão”.

As mensagens datam de 26 de novembro de 2022. Três dias antes, como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Moraes havia rejeitado uma ação que contestava a eleição. Na ocasião, ele aplicou multa de R$ 22,9 milhões ao PL, partido de Zambelli e do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Relação com Zambelli

A defesa pretende entregar o material à Polícia Federal (PF). Para o advogado, as mensagens comprovariam que a relação entre Zambelli e Delgatti não se restringiu a serviços de administração de redes sociais, como alega a deputada.

À CPMI do 8 de Janeiro e à própria PF, Delgatti declarou que Zambelli o contratou para invadir sistemas do Judiciário e tentar minar a credibilidade das urnas eletrônicas. A deputada teria então apresentado Delgatti ao então presidente Bolsonaro. Ele, por sua vez, chegou a prometer um indulto ao hacker, caso conseguisse fraudar as urnas eletrônicas. Nesse sentido, ainda em agosto, a defesa do hacker entregou uma série de provas, incluindo outros áudios, sobre a trama golpista envolvendo o núcleo bolsonarista.

Delgatti está preso desde agosto, por causa da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Além disso, ele também foi condenado a 20 anos de prisão, por vazar informações de integrantes da Operação Lava Jato.

Reação

Em nota, a defesa de Zambelli disse “refutar e rechaçar qualquer acusação de prática de condutas ilícitas e/ou imorais contra a parlamentar”.

“Ressalte-se que ela desconhece o contexto dessa conversa divulgada, nem para quem e de quem se referia. Igualmente, nem se sabe como obtidas”, diz o comunicado. “Recorde-se ainda que o senhor Walter Delgatti, além de criminoso condenado, é um meliante contumaz, conhecido por invadir a privacidade das pessoas e manipular dados digitais. Dessa forma, além de inválidos, a gravação e demais elementos apresentados são inidôneos e ilícitos, sob qualquer ótica.”

Com informações do portal g1


Leia também


Últimas notícias