Frente Brasil Popular

Defesa de estatal marca manifestações em dia de aniversário da Petrobras

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Manifestantes em defesa da Petrobras no interior paulista: patrimônio nacional sob ataque do mercado

São Paulo – Manifestações em defesa da Petrobras compuseram os atos públicos do Dia Nacional de Luta da Frente Brasil Popular, que hoje (3) foram realizados em mais de 30 cidades do país, organizados por movimentos sociais de diversos setores em defesa da democracia, pela permanência de Dilma na presidência, e contra a política econômica de ajuste fiscal que penaliza os trabalhadores.  O dia também marca o aniversário de 62 anos da Petrobras.

No Rio de Janeiro, a manifestação começou por volta das 16 horas, reunindo cerca de 800 pessoas, na Praça da Candelária. Dirigentes e militantes da FUP e dos sindicatos de petroleiros do estado participaram do ato, levando faixas e cartazes em defesa da Petrobras e contra o Plano de Negócios e Gestão da companhia.

Para os manifestantes, as investigações da Lava Jato estão sendo usadas para justificar o desmantelamento da maior  estatal do país. “Somos totalmente contra a corrupção, mas os corruptos é que devem ser punidos, e não a empresa”, disse ao jornal Folha de S.Paulo a diretora do Sindpetro (sindicato dos petroleiros) no Paraná e Santa Catarina e dirigente da CUT, Anacelie Azevedo.

Os petroleiros denunciaram o desmonte que atual gestão vem impondo à Petrobras, ao reduzir drasticamente os investimentos da estatal e colocar à venda ativos estratégicos. Os sindicalistas reafirmaram que a categoria entrará em greve por tempo indeterminado para impedir a privatização da empresa.

O coordenador da FUP, José Maria Rangel, também condenou as tentativas de golpe da direita e das elites, que pregam o ódio de classe e a intolerância, atacando frontalmente a democracia e a liberdade do povo brasileiro. “Muitas vidas foram perdidas para que os brasileiros tivessem voz e nós não podemos abrir mão dessa conquista histórica”, ressaltou.

Ele também criticou duramente a política econômica do governo, reiterando que os trabalhadores não pagarão a conta do ajuste fiscal. “O nosso país tem a obrigação de voltar a crescer e não vai ser com velhas receitas que já deram errado no passado”, destacou o coordenador da FUP, cobrando que o governo Dilma implemente as propostas dos movimentos sindicais e sociais, taxando as grandes fortunas e buscando outras saídas para a crise, como a retomada dos investimentos da Petrobrás para que a empresa volte a ser a alavanca do desenvolvimento nacional.

Os atos da Frente Brasil Popular defenderam a continuidade dos investimentos em toda a estrutura que envolve a exploração do pré-sal e reafirmaram posição contra as tentativas de privatizar setores da empresa.

Com reportagem da Assessoria de Imprensa da FUP

Leia a seguir nota da CUT sobre a Petrobrás

Seis décadas de resistência

A estatal petrolífera brasileira nasceu das lutas populares e nacionalistas, após a emblemática campanha “O petróleo é nosso” e, desde então, sempre foi alvo de ataques e disputas políticas. Logo após a sua criação, os golpistas tentaram derrubar Getúlio Vargas, levando-o ao suicídio. “Quis criar liberdade nacional na potencialização das nossas riquezas através da Petrobras e, mal começa esta a funcionar, a onda de agitação se avoluma”, afirmou o presidente na carta-testamento que deixou.

 

Dez anos depois, em 1964, a história se repetiu. Um dos últimos atos do presidente João Goulart foi encampar as refinarias privadas, após uma árdua campanha dos trabalhadores cujo mote era “Tudo de petróleo para a Petrobrás”. Foi a gota d`àgua para o golpe, que mergulhou o país em 21 anos de ditadura.

 

Os ataques contra a empresa prosseguiram nos anos 90, com a privatização do setor petroquímico nos governos Collor e Itamar. Fernando Henrique Cardoso deu sequência ao desmonte, acabando com o monopólio da Petrobras e impondo ao povo brasileiro um dos maiores golpes contra a soberania nacional, ao criar a Lei 9.478, que autoriza a concessão do petróleo para as multinacionais. O objetivo era privatizar a estatal, o que só não aconteceu porque os petroleiros reagiram com uma greve de 32 dias.

 

O sucateamento se intensificou no segundo mandato de FHC, com entrega das ações da Petrobras ao mercado de capital internacional, venda de ativos, grandes acidentes ambientais, afundamento da P-36, tentativa de mudar o nome da empresa para Petrobrax, entre outros ataques. Esse processo só foi interrompido em 2003, quando Lula assumiu o governo e alterou os rumos da estatal, com investimentos e ações políticas estratégicas.

 

A Petrobras passou a ser uma empresa integrada de energia e indutora do desenvolvimento nacional. Com a descoberta do pré-sal, em 2007, a petrolífera brasileira tornou-se uma peça importante no tabuleiro de xadrez da geopolítica mundial, principalmente, após a aprovação da Lei de Partilha, em 2010, que assegurou à empresa papel estratégico na exploração e produção dessas reservas bilionárias.

 

Em momento algum de sua história, a Petrobras deixou de ser atacada. Seu legado de conquistas segue sendo disputado, mas nunca correu tantos riscos como agora.

 

É extremamente urgente defender a estatal da ação dos entreguistas, que agem dentro e fora da empresa. Novamente, a resistência virá dos trabalhadores e do povo brasileiro.

Por Flaviana Serafim, da CUT SP