PSDB

Ex-secretário de Covas e Alckmin assume coordenação da campanha de Aécio

Ex-deputado federal tucano Arnaldo Madeira assume posto em lugar de ex-governador de Minas Antonio Anastasia e, em entrevista, escolhe respostas evasivas a questões polêmicas como o Mais Médicos

Elza Fiuza/Agência Brasil

Aécio Neves, governador de Minas, e o então deputado Arnaldo Madeira, em foto de 2003 (ao fundo, Alckmin)

São Paulo – O ex-deputado federal tucano Arnaldo Madeira assumiu hoje (17) a coordenação do programa de governo do senador Aécio Neves (PSDB) à Presidência da República e disse que não há ainda uma discussão no comando da campanha sobre a política externa do candidato. Ao ser questionado sobre 6ª Cúpula dos Brics, realizada esta semana em Fortaleza e Brasília, Madeira disse que “há um sentido de promoção” nas negociações do governo Dilma Rousseff. “Não discutimos isso ainda no programa. Mas é óbvio que o governo federal está tentando fazer um lance que tem um sentido de promoção dos Brics com as nações latino-americanas. Estão se anunciando várias coisas, vamos ver como isso vai evoluir. Por enquanto é só um ponto na chama da comunicação”, avaliou.

Esta semana, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul anunciaram a criação de um banco multilateral para financiamento de projetos com capital inicial de US$ 100 bilhões. A instituição tem o objetivo de servir como alternativa ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e foi bem recebida por governos de nações emergentes, que veem uma possibilidade de evitar as regras impostas pelo FMI, tidas como invasivas e recessivas.

Madeira comentou, de maneira evasiva, as críticas de Aécio sobre o programa Mais Médicos, do governo federal, em sabatina realizada ontem pelo jornal Folha de S. Paulo. “Vamos rever esse acordo. A única coisa que não permitirei é que haja discriminação com os cubanos. Os estrangeiros são bem-vindos, mas faremos com que passem pelo Revalida (Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos)”, afirmou o candidato tucano à presidência. O problema é que os médicos de Cuba são recebidos no Brasil por meio de um convênio do governo brasileiro com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), representação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas, e não com o governo cubano.

“Essa é uma questão em que está sendo colocado um princípio. O país tem de definir em que termos ele quer colocar os contratos, as contratações do Mais Médicos. Isso tem de definir. É algo que tem de ser visto mais à frente, não é uma coisa que nós podemos discutir aqui agora”, desconversou. “Não posso ser mais específico do que o candidato foi ontem. O candidato foi muito claro e feliz nas suas colocações. Não há agora por que fazer esse detalhamento e essa definição.”

A respeito de recentes declarações da presidenta Dilma Rousseff sobre o sucesso da realização da Copa do Mundo no Brasil, o ex-deputado e coordenador da campanha tucana também não entrou em detalhes. “Nós sabemos das nossas falhas, das nossas virtudes e do nosso desastre. Acho que a gente precisa baixar a bola nesse instante em matéria de Copa do Mundo e futebol.”

Madeira assumiu a coordenação em lugar do ex-governador de Minas Gerais Antônio Anastasia, que passa agora a se dedicar a sua própria campanha ao Senado pelo PSDB naquele estado.

Arnaldo Madeira foi secretário municipal da Habitação e Desenvolvimento Urbano da cidade de São Paulo entre 1983 e 1985, durante a gestão do prefeito Mário Covas, secretário da Casa Civil do estado de São Paulo de 2003 a 2006, no governo de Geraldo Alckmin e líder do governo Fernando Henrique Cardoso na Câmara.

Em 2010, o nome de Madeira apareceu em documentos da Polícia Federal no âmbito do caso que veio a público a partir da Operação Castelo de Areia (2009), que investigou a Construtora Camargo Corrêa e suposto pagamento de propina a agentes públicos do governo paulista.

Em matéria publicada em maio de 2010, a revista Época relatou que, “em material apreendido na casa do diretor financeiro da empreiteira, Pietro Giavina Bianchi, foram encontrados indícios de pagamento de propina”.

“Um dos manuscritos (de Pietro Giavina Bianchi), datado de 2006, com anotações referentes às obras do Metrô e do ‘anel viário’, relaciona valores ao lado das iniciais ‘AM’ e Arnaldo Madeira”, revelava Época. Madeira teria recebido da Camargo Correa doações não contabilizadas para sua campanha à Câmara Federal em 2006.

Deflagrada em março de 2009, a operação Castelo de Areia foi considerada ilegal em julgamento da 6ª Turma do Superior Tribunal de Justiça, em abril de 2011, porque, segundo os ministros do STJ, foi baseada em denúncias anônimas. De acordo com a decisão, a quebra de sigilos telefônicos não pode ser autorizada com base em denúncias anônimas.

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