Na Câmara

Cunha lança candidatura com discurso corporativista e promessas para deputados

Líder do PMDB afirma que além de querer presidir com postura independente em relação ao governo, pretende também fazer ‘revoluçõezinhas’ para melhorar a Casa

Gustavo Lima/Agência Câmara

Ao lado de apoiadores, deputado que se notabilizou como grande arrecadador de campanhas lança candidatura

Brasília – Com um discurso corporativista seguido da distribuição de folhetos e adesivos, o líder do PMDB na Câmara dos Deputados, deputado Eduardo Cunha (RJ), lançou, na noite de ontem, sua candidatura à presidência da Casa com quase dois meses de antecedência. A solenidade, que reuniu deputados e teve como padrinho o atual presidente, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi marcada pela apresentação das propostas do deputado e o argumento de que quer “resgatar o orgulho dos parlamentares nos seus estados”.

A atitude, segundo o líder peemedebista, teve o objetivo de deixar claro que sua candidatura é “irremovível” e, dessa forma, conter a fúria de parlamentares da base aliada que demonstram insatisfação com a sua posição de colocar-se candidato, pela postura divergente do governo que costuma adotar durante votações de matérias consideradas importantes para o Executivo. Por outro lado, Eduardo Cunha disse que sua ideia é de uma presidência integrada com a base governista, “mas ao mesmo tempo mantendo uma postura independente”.

Como padrinho, Cunha contou com a oficialização do apoio que já vinha sendo explicitado nos bastidores pelo atual presidente da Casa. “A todos os que reconhecem o nosso trabalho na busca pela altivez do Legislativo, sem demérito aos outros candidatos que possam surgir, estou indicando voto para Eduardo Cunha”, afirmou Henrique Alves.

Dentre as propostas apresentadas pelo deputado, constam desde itens que contemplam a bancada feminina e passam por melhorias salariais para a Casa à implantação das emendas impositivas estabelecidas pelos parlamentares. Fazem parte dessa lista, por exemplo, a aprovação das reformas política e tributária, o estabelecimento de que a pauta de votações seja definida pelo colégio de líderes, com previsão de proposições e divulgação antecipada aos deputados, uma reforma administrativa na Câmara e transmissão da Rádio Câmara para todas as cidades com mais de 100 mil habitantes.

Ele também promete construir um novo edifício anexo para a Casa, subsídios dos deputados equivalentes aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal e fortalecimento da procuradoria parlamentar. “São revoluçõezinhas que precisam ser feitas para melhorar o atendimento nesta Casa”, salientou.

Enquanto Eduardo Cunha se antecipa, os deputados dos outros partidos costuram alianças para suas candidaturas. O PT deverá lançar candidato próprio e aguarda melhor definição de um nome que seja de consenso não apenas entre os integrantes da legenda como também tenha condições de concorrer no mesmo nível que o líder peemedebista. Já a oposição trabalha para lançar como uma espécie de terceira via o deputado Júlio Delgado (PSB-MG).