golpe em curso

Crise política colocou Brasil na recessão, diz Dilma à revista ‘Time’

Na publicação, que não cita interino, Michel Temer, presidenta defendeu-se das acusações que levaram a seu afastamento

Lula Marques/Agência PT

Dilma Rousseff disse acreditar que conseguirá os votos necessários para barrar impeachment

Opera Mundi – Em sua cobertura sobre os Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, a edição desta semana da revista norte-americana Time entrevistou a presidente afastada, Dilma Rousseff, a respeito de seu processo de impeachment.  Na publicação – que não cita o nome do presidente interino, Michel Temer -, Dilma defendeu-se das acusações que levaram a seu afastamento e responsabilizou a crise política por aprofundar a recessão no país.

De acordo com Dilma, “o que está acontecendo no Brasil não é um golpe militar, mas um golpe parlamentar. Um golpe que está afetando as nossas instituições, corroendo a legalidade por dentro”.

A presidente afastada disse também acreditar que conseguirá os votos necessários para barrar o impeachment e, caso volte à presidência, disse que será preciso promover uma reforma política.

“Precisamos de um plebiscito para que o presidente, em 1º de janeiro de 2019, possa governar o país de uma maneira melhor”, indicou.

Misoginia

Questionada se o impeachment foi sexista, Dilma classificou o processo como “misógino”. “O fato de eu ser a primeira mulher a ocupar a Presidência da República provoca o mesmo tipo de avaliação estereotipada muito comum das mulheres”, afirma Dilma.

“Por um lado, as mulheres são histéricas e, quando elas não são histéricas, são insensíveis, frias, sem coração. Eu fui pintada como uma pessoa fria, insensível e dura e, por outro lado, como uma pessoa histérica”, completa.

Jogos Olímpicos

Sobre a segurança dos jogos, Dilma disse que o Brasil possui “uma estrutura completa” de segurança projetada para os Jogos, que foi construída ao longo dos últimos anos. Quanto ao vírus zika, a presidente afastada considerou que “não será uma ameaça para a saúde pública”.

Dilma confirmou à publicação que não comparecerá à abertura dos Jogos na sexta-feira (5). “Fui eleita presidente com 54,5 milhões de votos… Eles estão me convidando para participar nos Jogos Olímpicos numa posição muito secundária… Eu não vou desempenhar um que não corresponde ao meu status presidencial”, disse.

A presidente disse também que, em sua avaliação, não foi um erro abrigar os Jogos dois anos após sediar a Copa do Mundo.

Segundo ela, o país aproveitou as economias de escala para construir infraestrutura para receber grandes eventos.

“Nós aprendemos com isso, e, de certa forma, pode-se dizer que é mais fácil de organizar uma Olimpíada, já tendo organizado uma Copa do Mundo”, disse.

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