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‘Comunicação’ da família Bolsonaro ilustra inexperiência do novo governo

Após as denúncias de movimentações atípicas em seu gabinete, filho do presidente ausentou-se das redes sociais. 'Isso de alguma maneira decepciona os eleitores da família', avalia especialista

Tânia Rêgo/EBC

Painel da Folha de S. Paulo apontou que após as denúncias da Coaf, Flávio postou 13 publicações e ficou 26 dias em silêncio

São Paulo – O deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) voltou a se manifestar em suas redes sociais nesta terça-feira (22), algo que vinha fazendo pouco desde o início da repercussão das denúncias relativas a seu gabinete. Ele postou uma nota à imprensa em que se diz vítima de uma “campanha difamatória”, se defendendo do fato de ter empregado em seu gabinete a mãe do ex-capitão Adriano Magalhães da Nóbrega, foragido da Justiça e denunciado como membro de milícia.

A ausência do filho do presidente Jair Bolsonaro das redes sociais foi constatada pela jornalista Daniela Lima, editora do Painel da Folha de S.Paulo. Ela apontou que nos 35 dias que sucederam a divulgação das movimentações atípicas de recursos por parte de seu ex-assessor do gabinete, Fabrício Queiroz, “postou 13 publicações e passou 26 dias em silêncio”.

Uma atitude que ilustra a “inexperiência” da família Bolsonaro e também do novo governo no diálogo com a sociedade, pessoas que até então se orgulhavam de ter uma “comunicação direta” com o eleitor, como avalia o cientista político e professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (Fesp-SP), Paulo Nícoli Ramirez, ao jornalista Glauco Faria, da Rádio Brasil Atual.

“Isso de alguma maneira decepciona os eleitores da família Bolsonaro, uma vez que o que se prezava no uso dessas redes era uma certa sinceridade e um ataque ao que se chamava de ‘mamata’ (de veículos da mídia tradicional)”, afirma Ramirez.

No campo da comunicação, o cientista político cita ainda haver outra mudança, dessa vez protagonizada pelos grandes veículos de comunicação, havendo um certo “racha” que tem colocado em campos opostos a TV Globo e o jornal Folha de S.Paulo em relação a Rede Record, Bandeirantes e o jornal O Estado de S. Paulo.

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