Farra

Com recursos triplicados por Bolsonaro, militares têm verba até para botox

Além da compra de Viagra e prótese peniana com recursos públicos, os militares também reservaram R$ 546 mil para aquisição da toxina botulínica. Mas negam uso estético

Arquivo/ Agência Brasil
Arquivo/ Agência Brasil
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São Paulo – Além de 35 mil comprimidos de Viagra e 60 próteses penianas, os militares sob o governo de Jair Bolsonaro (PL) têm recursos até para aquisição de botox. Tanto que reservaram R$ 546 mil para a aquisição de 50 frascos da camada toxina botilínica no ano passado. A substância é usada principalmente em procedimentos estéticos para rejuvenescimento. Isso porque, entre outras propriedades, diminui rugas e marcas de expressão.

O Hospital das Forças Armadas (HFA), que atende Jair Bolsonaro em casos de urgência em Brasília, estimou que precisaria de 50 frascos da toxina em 2021 – o equivalente a 5 mil aplicações, já que há 100 doses em cada frasco. É o que revelou hoje (13) o Metrópoles com base em dados do painel de compras do governo.

A previsão da necessidade de botox pelo HFA tem crescido rapidamente em pouco tempo. Em 2018, foram comprados seis frascos. No ano seguinte, 15 e mais seis 6, em 2020. O hospital é subordinado diretamente ao Ministério da Defesa, mas o Exército, a Marinha e a Aeronáutica também têm seus hospitais próprios.

A aplicação de botox com fins estéticos para o rejuvenescimento é a mais usada no país, tanto por homens quanto por mulheres. Ela atua paralisando músculos faciais, ao ser injetada, por meio de uma agulha muito fina, suavizando rugas e vincos. Mas o Exército nega que o botox teria essa finalidade, já que é comprovadamente eficaz em tratamentos diversos, incluindo algumas doenças oftalmológicas, bruxismo, espasmos musculares e outros.

Em nota, o Exército afirma que a substância, em seus pacientes, “é administrada para algumas patologias neurológicas como distonia, doença de parkinson, espasmo miofacial, espasticidade, enxaqueca crônica e neralgia do trigêmeo, além de queixas odontológicas como distúrbio da articulação temporomandibular”. E que “não realiza compras desse material para fins estéticos”.

Farra dos militares?

A escalada de compras de produtos considerados supérfluos e incompatíveis com a atividade militar é facilitada pelo aumento de recursos para as Forças Armadas constatado em estudo da Comissão de Orçamento e Financiamento do Conselho Nacional de Saúde (CNS), divulgado em fevereiro.

Em 2019, o valor anual de verbas do SUS direcionadas à saúde dos militares foi de R$ 350 milhões. Em 2021, chegou a R$ 355 milhões, quebrando novamente o recorde da série histórica, iniciada em 2013 a 2021. O governo Bolsonaro dedicou, em média, R$ 325 milhões por ano ao Ministério da Defesa.

Durante o governo da presidenta Dilma Rousseff (PT), a média anual do uso de recursos do SUS pelos militares era de R$ 88 milhões, considerando o período analisado, de 2013 a 2015. Sob o comando de Michel Temer (MDB), o valor já havia dado um salto, com média de R$ 245,5 milhões anuais.

O Conselho Nacional de Saúde está elaborando uma recomendação aos órgãos de controle e ao Tribunal de Contas da União (TCU) para que fiscalizem os repasses da saúde ao Ministério da Defesa e às Forças Armadas.

Com informações do Brasil de Fato