Bolsonaro não tem previsão de alta, mas descarta cirurgia
Boletim médico aponta “evolução satisfatória” de Bolsonaro, que voltou a atacar a CPI da Covid
Publicado 16/07/2021 - 10h17
São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro tem “evolução clínica satisfatória”, segundo boletim médico divulgado na noite desta quinta-feira (15). A sonda nasogástrica foi retirada, e a expectativa é que ele possa voltar a se alimentar a partir desta sexta-feira (16). Contudo, os médicos afirmam que o presidente “segue sem previsão de alta”. Diante da melhora, em entrevista ao apresentador Sikera Jr., da Rede TV!, Bolsonaro afirmou que “a chance de cirurgia está bastante afastada”.
De acordo com o médico cirurgião Antônio Luiz Macedo, os ruídos no abdômen do presidente “são bons”. “Mas a cirurgia, a princípio, está afastada, uma vez que o intestino começou a funcionar e o abdômen está mais flácido e mais funcionante”, prosseguiu Macedo.
Nesta sexta- feira (16), o presidente foi visitado por um de seus filhos, o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). Pelas redes sociais, no entanto, Flávio não comentou o quadro de saúde do pai. Suas últimas publicações se referem a ataques à CPI da Covid.
Bolsonaro foi transferido na última quarta-feira (14) para o Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, após ser diagnosticado com obstrução intestinal. Ele vinha há dias se queixando de uma crise de soluços constantes.
Ontem a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, publicou uma foto do presidente, ainda com uma sonda no nariz, sorrindo, de pé, visitando uma outra paciente do hospital. Bolsonaro também recebeu a visita do ministro do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), general Augusto Heleno. Ele afirmou que a recuperação do presidente “tem sido acima do esperado”.
De volta à rotina
Dissipada a comoção relativa à sua internação, Bolsonaro voltou à rotina de ataques virtuais contra desafetos políticos. Ele afirmou que os senadores Omar Aziz (PSD-AM), Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros – presidente, vice e relator da CPI da Covid, respectivamente – “estão mais para três otários que três patetas”.
Aziz reagiu, insinuando que outro filho do presidente, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), seria o responsável pelos ataques.
Não quero acreditar que o presidente @jairbolsonaro, num leito de hospital, esteja gastando energia pra atacar os senadores da CPI.
— Omar Aziz (@OmarAzizSenador) July 15, 2021
Deve ter sido um moleque – que não tem coragem de mostrar o que é de verdade – que fica assacando quem o contraria.
Randolfe também afirmou que a alcunha de “saltitante” utilizada por Bolsonaro para se referir a ele não o incomoda.
E saiba que não me incomodo com os termos que você utiliza para se referir a mim “saltitante, fala fina”… O Sr. só não pode me chamar de corrupto, miliciano, superfaturador de vacina e líder de internacional da fraude, né? https://t.co/upoEzTSv02
— Randolfe Rodrigues 💉👓 (@randolfeap) July 15, 2021
Após o depoimento do representante da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, Bolsonaro negou que haja corrupção na compra de vacinas, já que “nada foi comprado, ou um só real foi pago”, segundo ele. No entanto, a Comissão vem identificando uma rede de “coronéis” que atuou em negociações suspeitas para a aquisição de imunizantes.
Enquanto as comunicações da farmacêutica Pfizer foram seguidamente ignoradas, como demonstrou a CPI, representantes e intermediários que buscam fazer negócios com a venda de vacinas tiveram acesso facilitado à cúpula do Ministério da Saúde.
#VetaBolsonaro
Além das questões relativas à saúde, Bolsonaro tem sido pressionado por apoiadores pedindo que ele vete o fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões que consta na Lei de Diretrizes Orçamentárias aprovada pelo pelo Congresso Nacional nesta quinta-feira (15).
Parlamentares como Carla Zambelli (PSL-SP), Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-D) demonstraram indignação com o montante aprovado, mas votaram favoravelmente ao projeto. No ano passado, Bolsonaro também chegou a anunciar que vetaria os R$ 2 bilhões aprovados para o fundo eleitoral. No entanto, o Orçamento daquele ano acabou sendo aprovado, sem o veto sugerido.