Sob investigação

Internado para exames, Bolsonaro segue em observação

Em nota, Secom disse que, por orientação de sua equipe médica, presidente foi internado em Brasília onde realiza exames para investigar dores abdominais e uma crise de soluços

São Paulo – O presidente Jair Bolsonaro foi internado nesta quarta-feira (14) no Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília. De acordo com nota da Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom), por orientação de sua equipe médica ele vem sendo submetido a uma série de exames desde a manhã de hoje para investigar a causa de soluços que o incomodam há dias. Em meio às investigações da CPI da Covid e rusgas com outros poderes, o presidente também vem se queixando há 11 dias de contrações involuntárias no diafragma que, segundo ele, atrapalham sua fala. 

Durante a madrugada desta quarta, Bolsonaro teria sentido também fortes dores abdominais. “Por orientação médica, o presidente ficará sob observação, no período de 24 a 48 horas, não necessariamente no hospital. Ele está animado e passa bem”, informa a Secom.

O mandatário tinha agenda nesta quarta com o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento da Pandemia da Covid-19. Ele também participaria de um encontro com os chefes dos poderes Legislativo e Judiciário. Os eventos foram cancelados em função de seu estado de saúde. 

Bolsonaro e os soluços

Os incômodos do presidente ficaram visíveis ainda no último dia 5, quando, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada, ele alegou que falava pouco por ter realizado, dois dias antes, um implante dentário. Ainda na semana passada, em entrevista à Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, Bolsonaro confirmou que estava com soluço há cinco dias. A crise foi associada por ele à cirurgia. “Já aconteceu comigo no passado, talvez em função dos remédios que eu estou tomando, eu estou 24 horas por dia com soluço”, declarou. 

O mal-estar voltou à pauta ainda durante sua tradicional live às quintas-feiras. Na transmissão ele se desculpou por não estar conseguindo se “expressar adequadamente”. Na última segunda (12), em reunião com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, o presidente novamente se queixou dos soluços. A avaliação de especialistas é que a crise pode ter relação com a doença do refluxo gastroesofágico, que Bolsonaro já afirmou sofrer. A seus seguidores, o presidente havia argumentado também que teria que passar por uma nova cirurgia para corrigir uma hérnia, que teria sido provocada após a facada que levou durante sua campanha nas eleições presidenciais, em setembro de 2018. 

A beira de um ataque

De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, o cirurgião Antônio Luiz Macedo, que o operou após o acidente, integrará a equipe médica do HFA. Sem comentar o diagnóstico específico do presidente, a avaliação de especialistas da área é que os soluços podem ser provocados por causas variadas. Entre elas, estresse emocional, ansiedade, alterações do sistema nervoso central e mudança de temperaturas. “De forma geral, após 48 horas, as pessoas procuram seu médico”, explicou à Folha o otorrinolaringologista Geraldo Druck Sant’Anna, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.

Nesta quarta, o empresário e ex-aliado de Bolsonaro, Paulo Marinho, hoje ligado a João Doria (PSDB), disse ao jornal que o presidente “está a beira de um ataque de nervos” diante dos desdobramentos da CPI da Covid no Senado. “Conheço a peça”, endossou Marinho, que conviveu diariamente com Bolsonaro entre julho de 2017 e outubro de 2018. 

O presidente é investigado por omissão no combate à pandemia e suspeitas de prevaricação ao não tomar medidas diante das denúncias de compra superfaturada da vacina Covaxin. Ele também é alvo de pelo menos 125 pedidos de impeachment.


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