São Paulo – Em discurso a empresários e políticos em Porto Alegre nesta quinta-feira (22), dia em que o Tribunal Superior Eleitoral começou o julgamento sobre sua inelegibilidade por oito anos, Jair Bolsonaro voltou a atacar o Supremo Tribunal Federal (STF) e a própria Corte eleitoral que vai decidir seu destino. O julgamento da ação do PDT foi suspenso e será retomado na terça (27).

“Hoje começa o meu julgamento político. Ou melhor, não é político, é politiqueiro. Da mais baixa intenção por parte de alguns. Não estou aqui atacando o TSE, longe disso. Mas a fundamentação é coisa inacreditável. ‘Reuniu-se com embaixadores’”, disse ele sobre o motivo da ação do PDT (leia mais aqui), em curto discurso na Transposul, uma feira de transporte e logística na capital gaúcha.

“O outro cara, no ano passado, se reuniu com a nata do PCC no Complexo do Alemão no Rio de Janeiro e vai se reunir agora com a nata do Foro de São Paulo também”, continuou Bolsonaro, sem especificar a quem se referia. Suposições apontam para o ministro da Justiça, Flávio Dino, que é normalmente atacado por fake news por bolsonaristas.

Obsessão

Em outro momento, também hoje, à Folha de S. Paulo, ele voltou a questionar o sistema eleitoral, justamente a conduta que o levou a ser julgado no TSE. Dizendo-se perseguido pelo tribunal, disse que suas reclamações sobre supostas irregularidades não foram devidamente apuradas. “Nós realmente levantamos indícios de irregularidades. E quando questionamos o TSE, qual foi a resposta poucas horas depois? Indeferiram, e uma multa de 22 milhões de reais”.

A multa foi aplicada em novembro de 2022 pelo TSE. O PL, partido de Bolsonaro, pediu ao tribunal a impugnação de 279 mil urnas eletrônicas utilizadas no segundo turno das eleições. O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, exigiu da legenda que apresentasse um questionamento em 24 horas também sobre o primeiro turno, já que as urnas eletrônicas foram as mesmas nos dois turnos. Como o PL ignorou a determinação, foi multado em R$ 22,9 milhões.

Mira no STF

Sobre o STF, ele afirmou no discurso em Porto Alegre que a Corte ultrapassa suas atribuições e invade a competência do Legislativo. “Não pode 594 pessoas decidirem de um jeito e outras 11 decidirem diferente”, afirmou, comparando o número de congressistas e de ministros do Supremo.

Em outra reclamação, disse que agentes do Ministério Público Federal (MPF) foram à sua casa ontem (21) para supostamente checar informações sobre sua filha Laura. “Foram na minha casa querer saber como está a minha filha, de 12 anos de idade. Os caras não têm limite.” Segundo ele, “foram lá para saber como é que está o cartão de vacina dela”.

Na capital gaúcha, Bolsonaro almoçou com o empresário Sérgio Gabardo, presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no RS (Setcergs), que organiza a feira, e com os deputados Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS), Giovani Cherini (PL-RS) e Sanderson (PL-RS), entre outros.