Na Câmara

Bancadas se reúnem para definir posição sobre Eduardo Cunha

Presidente da Câmara é alvo de representações no Conselho de Ética, protestos e nota oficial de partidos. Parecer do PGR deve sair em breve e colegas apostam em afastamento ou renúncia

Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr/Fotos Públicas

Eduardo Cunha terá semana decisiva para definir sua saída do cargo de presidente da Câmara, por corrupção

Brasília – A permanência de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no cargo de presidente da Câmara dos Deputados pode ser definida nos próximos dias. A situação do parlamentar complicou-se extremamente, depois das informações do Ministério Público da Suíça, confirmadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), de que ele, mulher e filha mantêm contas secretas naquele país – um paraíso fiscal – além do registro de gastos milionários feitos pela mulher, a jornalista ex-Rede Globo Cláudia Cruz. Cunha é alvo de reuniões de três bancadas para definir como agir em relação ao seu caso, além de nota oficial da oposição contra sua conduta e de representações já impetradas ao Conselho de Ética da Casa.

Programaram encontros em separado para discutir o assunto, a partir desta semana, as bancadas do PT, PC do B e PDT. Eles devem decidir se divulgam nota rompendo totalmente com o presidente da Casa e pedindo a sua renúncia ou se vão continuar aguardando o desenrolar dos acontecimentos, já que o próprio Congresso vive um momento delicado, às voltas com a eminência de abertura do pedido de impeachment de Dilma Rousseff.

Na sexta-feira (9), embora DEM e PSDB tenham divulgado nota defendendo o afastamento de Eduardo Cunha do cargo, os líderes destas siglas confirmaram que estiveram com ele para antecipar sobre o que iriam fazer. E definiram a questão como “um caso de cordialidade, já que se trata do detentor do cargo máximo da Casa”, como confirmou o deputado Mendonça Filho (DEM-PE).

Mas, apesar do envolvimento de Cunha em denúncias graves, a relação dos partidos oposicionistas com ele coloca estas legendas numa “saia justa” perante a opinião pública, uma vez que, ao mesmo tempo em que sofrerão desgaste popular se o apoiarem, precisam da sua ajuda para submeter à votação os pedidos para abertura de impeachment da presidenta.

Ao mesmo tempo, o PT, segundo informações de um dos integrantes do partido, demonstra divisão sobre como agir, diante de tantas votações importantes por vir. “Apesar da aversão nítida a ele (Cunha) dentro da legenda, tem muita gente que defende como melhor estratégia esperar para vê-lo se enforcar ainda mais, sem que precisemos nos meter nisso”, confidenciou um senador petista.

Como se isso não bastasse, nesta semana será cobrada formalmente, junto ao Conselho de Ética, a abertura do pedido feito por 30 deputados de sete partidos (PT, Psol, Rede, PSB, PPS e PMDB) para representações contra o presidente da Casa por quebra de decoro (já foram interpostas outras duas sobre o mesmo tema).

Enquanto na Procuradoria Geral da República e no Supremo Tribunal Federal (STF), crescem cada vez mais as especulações de magistrados no sentido de que o procurador-geral, Rodrigo Janot, estuda acatar pedido feito por políticos, no início de outubro. A ideia é de que Janot inclua no seu parecer, no qual apresentará a denúncia contra Cunha ao STF, sugestão para que durante a instauração do processo, o presidente da Câmara seja obrigado a sair do cargo por decisão da mais alta Corte do país. Leia reportagem sobre o tema:

Eduardo Cunha, por sua vez, tem a possibilidade de pedir afastamento do cargo por 120 dias para cuidar de problemas pessoais, conforme estabelece o regimento interno da Câmara – o que poderá ajudar a acalmar os ânimos em relação à sua imagem e ajudá-lo a preparar sua defesa.

Pode, ainda, renunciar, sobre o quê, ele afirmou, na última terça-feira, que “não há qualquer possibilidade”. Sobre o afastamento, já teria sido aconselhado por vários colegas, inclusive o presidente do PSDB, Aécio Neves (GO), mas não se manifestou a respeito.