PEC do Calote

Bancada do PDT ensaia recuo sobre PEC dos Precatórios

Levantamento mostra que pelo menos 11 dos 15 deputados pedetistas que votaram a favor da PEC mudariam de posição no segundo turno

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
A posição do partido foi decisiva na aprovação da PEC dos Precatórios em primeiro turno, que precisava de no mínimo 308 votos para ser aprovada

São Paulo – As reações negativas ao posicionamento favorável do PDT na votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios fizeram com que parte da bancada da sigla reavaliasse sua orientação. O possível recuo foi confirmado pelo líder pedetista na Câmara, o deputado federal Wolney Queiroz (PE).

“Em nome da unidade partidária, o nosso partido vai mudar a orientação de ‘sim’, para ‘não’, na votação de amanhã. Nós avaliamos e é para isso que as PECs são votadas em dois turnos, para que haja tempo para a decantação dos assuntos, para o aprimoramento das posições”, anunciou. 

Dos 25 deputados da bancada do PDT, 15 votaram a favor da proposta sobre os precatórios que abre uma uma brecha de astronômicos R$ 90 bilhões para o governo não só criar o Auxílio Brasil, como defende, mas também para cooptar parlamentares e “investir” nas eleições de 2022, segundo a oposição. A posição do partido foi decisiva na aprovação da PEC dos Precatórios em primeiro turno, que precisava de no mínimo 308 votos para ser aprovada, como foi, mas com uma margem apertada de 312 contra 144. Após o pleito, o presidenciável pedetista Ciro Gomes suspendeu a pré-candidatura em oposição ao voto governista.

Decisão da cúpula

Em entrevista à RBA, o deputado Túlio Gadêlha (PDT-PE), da nova geração do partido, também reforçou a postura de Ciro Gomes. “Não faz sentido votarmos com o governo uma emenda à Constituição que abre espaço no Orçamento para esse governo usar como bem entende. Nós do PDT somos oposição ao governo Bolsonaro. Isso é bem claro em nossos discursos e nossos posicionamentos na Câmara”, garantiu ele.

Para não dividir o partido, segundo Wolney Queiroz, a cúpula pedetista decidiu alterar a posição. Mas um levantamento do site Congresso em Foco mostra que, até o momento, 11 dos 15 deputados que encaminharam o voto a favor da PEC dos Precatórios, mudarão de posição neste segundo turno

De acordo com informações do G1, também se especula que parlamentares de outras siglas que não participaram da primeira votação podem votar a favor neste segundo turno. O que daria ainda chances ao governo e ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) de aprovarem o texto. 

Por outro lado, conforme reportou a RBA, a decisão da ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF) de suspender o pagamento de emendas do relator, introduziu uma nova dificuldade para os governistas votarem a PEC em segundo turno. Na sexta-feira (5), a ministra determinou que nenhum recurso indicado por parlamentares por essas emendas seja liberado até decisão do plenário da Corte.

É possível, com isso, que os bolsonaristas e o próprio Lira – para correr menos riscos – prefiram esperar a decisão do STF para só então votar a proposta. Se essa estratégia for adotada, nesta terça seriam votados apenas os destaques. A menos que, nos bastidores, Lira consiga a garantia de que a decisão da maioria dos ministros será favorável ao governo.

Redação: Clara Assunção


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