Após tirar gravador de repórter, Requião se diz vítima de ‘bullying’ público

Em pronunciamento no Senado, ele alega que quis evitar edição distorcida da entrevista sobre aposentadoria como ex-governador

Requião diz que repórter tinha o intuito de acuá-lo (Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Brasília – O senador Roberto Requião (PMDB-PR) foi à tribuna do Senado dar sua justificativa por ter tomado o gravador de um repórter que lhe perguntava sobre o recebimento de aposentadoria de ex-governador. O episódio aconteceu na segunda-feira (25). O peemedebista alega que o episódio foi “contado de forma equivocada” pela imprensa nacional.

“Eu apenas retirei o gravador para evitar que ele editasse o conteúdo”, declarou. Requião rebateu afirmações de que teria tomado o gravador numa atitude de censura ao repórter. Ele informou que publicou a íntegra da entrevista em seu site pessoal. “Temos de acabar com o abuso, com esse bullying público que todos sofremos pelo simples fato de ganhar uma eleição e assumir um mandato”, disse depois.

Segundo ele, o repórter questionava com o intuito de acuá-lo, “no estilo de programas como Pânico e CQC”. Requião reconheceu que perdeu a paciência com o repórter que, segundo ele, insistia em repetir a pergunta que já teria sido respondida por ele. Comparando o fato àquele em que Jesus Cristo perde a paciência com os mercadores às portas do Templo, ele disse que “muitas vezes a indignação é santa”.

De acordo com o senador, a entrevista do repórter inicialmente tinha o condão de arrancar dele críticas ao governo de Dilma Rousseff e sua política econômica. No decorrer da conversa, a pergunta sobre a pensão de ex-governador do Paraná teria aparecido. “A Bandeirantes veio com uma encomenda para me irritar. Fui alvo de uma provocação programada e reagi com indignação”, alegou.

Requião contou que, quando era governador, ficou sete anos e três meses sem dar entrevistas ao vivo porque era pressionado, “num regime de chantagem” pela imprensa a abrir os cofres do governo em contratos de publicidade para não receber críticas dos meios de comunicação.

Requião citou ex-governadores do seu estado “e mais uma boa dúzia de parlamentares do Plenário que também recebe [pensão]”. E afirmou que a imprensa muitas vezes trata questões como esta de maneira “absolutamente provocadora e irresponsável”. Ele acrescentou que a crítica ao recebimento da pensão constrangeu o também senador Pedro Simon “até o desespero, por receber R$ 11 mil quando funcionários do seu gabinete recebiam duas ou três vezes mais”.

Ele também destacou que, no mandato anterior no Senado, votou pela aprovação de um projeto com objetivo de agilizar o exercício do direito de resposta de quem for ofendido ou agredido, proposta que teria sido engavetada pela Câmara dos Deputados.

Citando o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), que revogou a Lei de Imprensa, Requião pediu que o tema volte ao debate público.

Críticas

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) contou que a TV Bandeirantes procurou-o pedindo uma entrevista. Ele disse que, primeiro, ouviria Requião. Mesmo depois do pronunciamento o petista criticou o colega. “O jornalista estava no direito de perguntar sobre uma questão que é de interesse público. Cabe uma atitude para que vossa excelência possa recompor sua relação com o repórter da melhor forma possível”, aconselhou.

Durante todo o dia, Requião foi motivo de críticas por jornalistas e usuários de redes sociais. Ele foi acusado de tentar censurar o repórter.

Com informações da Agência Senado