ANP descarta possibilidade de espionagem a banco de dados sobre petróleo

CPI

Antônio Cruz/Agência Brasil

Magda Chambriard afirmou que apenas um “espião paranormal” seria capaz de invadir os computadores

Brasília – Em audiência na CPI da Espionagem do Senado, a diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP), Magda Chambriard, disse aos senadores que para roubar as informações do setor seria preciso “um espião paranormal”, pois o banco de dados de exploração e produção de óleo e gás natural brasileiro não está ligado à internet. “Podem ficar tranquilos, pois não é possível espionar o banco por meio da rede mundial de computadores”, afirmou.

Segundo Magda Chambriard, trata-se de um dos maiores bancos de dados relativos ao setor petrolífero do mundo e funciona na Urca, bairro da zona sul do Rio de Janeiro, afastado da sede principal da ANP, que fica no centro da cidade. Além disso, segundo ela, o banco conta com uma sala cofre a prova de balas, incêndio e protegido de outras ameaças. “O acervo é imenso. São dados geológicos, sísmicos, físicos, perfis de poços, testes de poços e amostras. O que tem hoje equivale 60 milhões de gaveteiros cheios de informações. Ou algo igual a 20 bilhões de fotografias digitais de alta resolução.”

A questão levantou preocupação depois que o Fantástico, da Rede Globo, mostrou que a Petrobras foi espionada pela agência de segurança dos Estados Unidos, a NSA, no esquema que começou a ser desvendado este ano e que tem como episódio mais recente o cancelamento da viagem de Dilma Rousseff aos Estados Unidos, agendada para outubro.

Parlamentares chegaram a pedir que fosse cancelado o leilão de blocos de petróleo do campo de Libra, do pré-sal, marcado para o dia 21 de próximo mês. Estimativas da ANP apontam que a operação dará ao Brasil R$ 300 bilhões em royalties nos próximos 30 anos, e R$ 600 bilhões em participação para a União. Magda Chambriard, no entanto, enfatizou que esses valores representam uma “estimativa que depende do espaço de desenvolvimento do campo e de projetos da empresa” que vencer a licitação.

Desde 25 de junho, 18 empresas, de diversos países, pediram à ANP acesso aos dados sobre o Campo de Libra, além de 11 que já acessam as informações por serem consideradas parceiras associadas, informou a diretora.

As explicações dela não convenceram os senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Requião disse estar certo da “violabilidade” do sistema da agência reguladora. Para ele, Magda Chambriard abordou a questão de “forma ligeira”, subestimando a inteligência dos parlamentares.

Randolfe Rodrigues, por sua vez, lembrou que uma das empresas que oferecem software para a ANP e a Petrobras é a Halliburton, do ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Dick Cheney: “Com a participação de empresas americanas, inclusive do vice-presidente, não há de ser tão paranormal assim a interferência americana e o acesso a esses dados – disse Randolfe, rebatendo a diretora da ANP que, poucos minutos antes, havia dito que somente um “espião paranormal” poderia ter acesso às informações.”