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Análise em redes sociais indica queda da polarização entre PT e PSDB

Estudo da FGV indica aumento da proporção de 'independentes' e que rejeição ao PT não vem sendo capitalizada pela oposição tradicional

Lula Marques/ Agência PT /Fotos Públicas

Crescimento de grupo paralelo e independente busca “deslegitimar” polarização entre governistas e oposicionistas

São Paulo – Estudo da Diretoria de Análise de Políticas Públicas da Fundação Getúlio Vargas (Dapp/FGV), baseado na quantidade e no teor das mensagens de usuários do Twitter sobre o tema “protestos”, postadas durante as manifestações contra o governo Dilma no domingo (13), indicam que a polarização entre PT e PSDB pode estar em queda. Segundo o Dapp/FGV, em termos qualitativos houve um aumento expressivo da proporção de pessoas que não sem mostraram alinhadas nem ao governo federal e ao PT, nem à oposição e ao PSDB. Na análise do departamento, esse comportamento indicaria que a rejeição ao partido de Lula e Dilma não vem sendo capitalizada pela oposição tradicional.

Para o diretor do Dapp, Aurélio Ruediger, ouvido pelo jornal Valor Econômico, os gráficos mostram o crescimento de um grupo paralelo e independente que busca “deslegitimar” a polarização entre governistas e oposicionistas. “Isso reflete na verdade um sentimento mais difuso de rejeição não apenas ao governo, à presidente e ao PT, mas a toda a classe política, a todo o sistema político brasileiro”, avaliou.

A opinião de Aurélio é reforçada pelo tom dominante nas mensagens postadas pelos internautas que, domingo, foram encaixados neste novo perfil: “Eles se utilizam de uma linguagem de humor e, às vezes, sarcástica”.

Segundo o Dapp, a crítica generalizada nas redes sociais com piadas e memes é utilizada sobretudo pelo público jovem. Trata­-se de uma faixa etária, na casa dos 20 anos – uma geração que não viveu a hiperinflação dos anos FHC, cresceu sob a diretriz dos governos petistas de que um Estado provedor é a solução dos problemas, mas que, por outro lado, “é resistente a ter opinião formada”.

Entre os perfis “independentes” com maior influência no Twitter estão os humorísticos Sensacionalista e o @naosejatrouxa, este com quase 2 milhões de seguidores, diz a reportagem do Valor.

“Se confirmado, esse fenômeno pode significar a abertura de um novo horizonte de identidade política, não alinhada a nenhum dos partidos e atores que referenciaram a política brasileira nos últimos 30 anos pelo menos, mas sim assentada sobre a rejeição do sistema político como um todo e aberta a um alinhamento cultural ou identitário ainda indefinido, com novos atores emergentes”, disse.

Aurélio diz ainda não ser possível afirmar com muita clareza com quem esse grupo se identifica, mas cita a figura do juiz Sérgio Moro, que teve grande destaque durante as manifestações.

“Estamos presenciando apenas o início de um processo cujo desfecho é muito difícil de prever. Quem irá capitalizar esse desgaste todo da classe política ainda é uma questão em aberto, que merece ser acompanhada de perto pelas redes inclusive.”