Tucanos

Aécio diz que não pretende privatizar Petrobras e que não teme enfrentar Lula ou Dilma

Senador do PSDB mineiro afirma que governo tem maioria para pedir CPIs 'sobre qualquer coisa', em referência à sugestão de líder do PT na Câmara de investigar cartel da Alstom em São Paulo

Jorge Araujo/Folhapress

O senador afirmou que pretende cortar pela metade o número de ministérios

São Paulo – O senador Aécio Neves (PSDB-MG), pré-candidato à Presidência da República, negou hoje (31) que pretenda privatizar a Petrobras caso vença as eleições de 2014 e que a mudança de nome para Petrobrax, que chegou a ser cogitada no período de Fernando Henrique Cardoso, era uma solução de mercado, e não uma preparação para a venda.

Em discurso para empresários em São Paulo, ele voltou a dizer que quer “reestatizar” a companhia. “Quando falo em reestatizar é restabelecer a meritocracia, a meritocracia vai substituir o aparelhamento. Não haverá indicação política de quem quer que seja, para que a Petrobras restabeleça a confiança que perdeu no mercado”, afirmou. “Eu não acho que o presidente Fernando Henrique Cardoso queria privatizar a Petrobras, senão teria feito. O nome é outra questão. Buscou-se ali [com a ideia do nome Petrobrax] uma mudança para que facilitasse a entrada dela no mercado externo, mas essa não é a minha agenda.”

Segundo ele, “a Petrobras será resgatada das mãos de um partido político, de um grupo de poder, e entregue aos interesses do Estado brasileiro”. A empresa, tema central das eleições de 2006 e de 2010, voltou à pauta nas últimas semanas graças à intenção da oposição a Dilma Rousseff de criar uma CPI no Congresso para investigar contratos da empresa suspeitos de fraude ou pagamentos de propina.

Aécio declarou que não se opõe à proposta do governo de introduzir no requerimento do pedido de uma CPI da Petrobras um adendo para investigar o caso da formação de cartel de trens do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).  “O governo tem maioria, pode apresentar requerimentos de CPI sobre qualquer coisa, qualquer assunto. Que o faça. Que faça as investigações, nós não tememos nenhuma investigação”, disse à imprensa, em entrevista coletiva de 20 minutos após o evento. “Mas querer amordaçar a CPI da Petrobras para que ela não investigue nada, não cederemos a esse tipo de chantagem. O PT ou setores do PT zombam da sociedade brasileira, ao querer manipular ou impedir essas investigações.”

Ele afirmou que não questiona a presidenta da República e que não defende a investigação da companhia de petróleo como uma motivação pessoal. “Sempre respeitei a probidade da presidente Dilma, não se pode confundir as coisas.”

Na quinta-feira (27), o líder do PT na Câmara, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (SP), e a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) propuseram a investigação do cartel em São Paulo. “Nossa proposta agora é passar o Brasil a limpo. Vou levar para a minha bancada, na terça-feira, a proposta de incluir um adendo na CPI para investigar o caso da Alstom em São Paulo, onde o governo nunca deixou abrir uma CPI”, disse o petista.

Hoje, o líder do PT no Senado, Humberto Costa, informou que trabalha na articulação para a retirada de assinaturas do requerimento de criação da CPI, que pode ser lido amanhã no plenário da Casa. Ele entende que as investigações externas, promovidas pela própria empresa, pelo Ministério Público Federal e pelo Tribunal de Contas da União, são mais eficientes que uma comissão instalada no Congresso.

Lula ou Dilma?

Aécio afirmou também que tem ouvido comentários segundo os quais o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderia vir a ser o candidato do PT nas eleições, no lugar deDilma Rousseff. “A gente ouve isso o dia inteiro.” Mas, segundo ele, é indiferente que a eleição seja contra um ou contra outro. “Nossa disputa não é pessoal, com a presidente ou o ex-presidente, mas com o modelo que está aí. Não temo a eleição, qualquer que seja o adversário.”

Em sua opinião, o governo estará “na defensiva” no pleito de outubro porque “a presidente Dilma fracassou na condução da economia”. “Há uma equação perversa de crescimento baixo e inflação alta, descontrole das contas públicas e perda crescente de credibilidade. O Brasil é um cemitério de obras inacabadas com sobrepreços.”

Ministérios

Aécio prometeu que, se for eleito, vai fazer uma reforma ministerial e enxugar a máquina federal. “Acabaremos com metade dos ministérios.” Segundo ele, estudos mostram que o ideal é que o governo tenha em torno de 22 a 24 ministérios. “Não pretendo fazer um governo intervencionista, mas da meritocracia, o Brasil não precisa de um salvador da pátria.”

Prometeu também que vai começar a anunciar ministros de postos-chave antes da eleição. “Começarei a escalar o meu time após a Copa do Mundo. Antes das eleições vocês conhecerão os nomes de quadros que estarão em postos de extrema relevância num eventual governo do PSDB”, disse, explicando que esses postos devem ser “certas áreas sociais, economia e a própria Casa Civil” e que não pretende fazer um governo do PSDB, “mas das mais qualificadas figuras brasileiras”.

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