mandato coletivo

Na disputa pelo Senado, Olívio Dutra impulsiona campo progressista no Rio Grande do Sul

Campanha do ex-governador é vista como trunfo no estado, que teve recaída conservadora, mas tem histórico de governos de centro-esquerda

Divulgação
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Candidatura do ex-governador pode ajudar a ampliar votação de Lula. PT perdeu no primeiro turno em 2018, mas venceu nas quatro eleições anteriores, com Lula e Dilma

São Paulo – No debate realizado entre os candidatos do Rio Grande do Sul ao Senado, na quarta-feira (21), pela RBS TV, o postulante do PT, Olívio Dutra, comentou a proposta de mandato coletivo. A experiência, já testada em algumas câmaras municipais e assembleias legislativas, é inédita no Congresso Nacional. No caso, um eventual gabinete teria o mandato compartilhado com os vereadores Roberto Robaina (Psol), de Porto Alegre, e Fátima Maria (PT), de Viamão. “Quem votar no 131, vai votar no titular do mandato, que é Olívio de Oliveira Dutra, no vigor de seus 81 anos e que tem um projeto coletivo e solidário e não individual”, disse. “A política pra mim é para o bem comum, e os suplentes também.”

A pesquisa mais recente sobre a disputa da vaga gaúcha no Senado – divulgada em 16 de setembro – mostra o ex-governador petista na liderança, com 28%, seguido pela ex-senadora Ana Amélia (PSD), com 25%. Hamilton Mourão (Republicanos), o vice-presidente de Jair Bolsonaro, tem 19%. 

Também de acordo com o Ipec, na disputa pelo governo do estado, o ex-governador Eduardo Leite (PSDB) mantém a dianteira, com 38% das intenções de voto. A seguir, com melhor pontuação, aparecem o ex-ministro bolsonarista Onyx Lorenzoni (PL), com 26%, Edegar Pretto (PT), que tem 10%, e  Luis Carlos Heinze (PP), com 4%.

Com origem no movimento sindical bancário nos anos 1970, e um dos fundadores do PT e da CUT, Olívio foi deputado federal constituinte, prefeito de Porto Alegre (1989-1992) e governador do Rio Grande do Sul (1999-2002). Diversas experiências de gestão do gaúcho, como orçamento participativo e apoio à economia solidária, são lembradas até hoje. No governo Lula, foi ministro das Cidades (2003-2005).

Novo fôlego

A possível eleição de Olívio é vista como trunfo progressista hoje na região Sul do país, e também no Rio Grande do Sul. O estado tem sido classificado como conservador – pela hostilidade praticada por extremistas financiados por contra a esquerda. Mas embora tenha ajudado a eleger Bolsonaro e 2018, tem alternado governos de esquerda e de centro desde os anos 1980. Além disso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem 40% das intenções de voto no estado, contra 35% de Jair Bolsonaro, segundo o mesmo instituto. Em 2018, Bolsonaro teve 45% dos votos válidos no primeiro turno, contra 41% de Fernando Haddad.

A tentativa de construir uma ampla aliança do campo progressista no Rio Grande do Sul retardou o início das campanhas. Outro problema para as campanhas do campo progressista decolarem no estado foi a desistência de Manuela D’Ávila de disputar o Senado, quando despontava entre os favoritos. A ex-vice de Haddad na chapa de 2018 vinha sofrendo, junto com familiares, fortes ameaças por parte de extremistas, inclusive de estupro e de morte. Por isso optou por reduzir sua exposição e intensificar o ativismo nas redes sociais, campo em que atua com muita competência

Com a indicação de Olívio Dutra e sua proposta de mandato coletivo, o palanque do campo progressista ganhou novo fôlego. Além da expectativa de vitória para o Senado, a força de seu nome e memória de suas gestões de de seu caráter levaram energia à disputa. Tanto as majoritárias – sobretudo a campanha de Lula – quanto das candidaturas à Câmara e à Assembleia.

Pesquisa adiada

O Ipec transferiu para a segunda-feira (26) a divulgação de nova pesquisa eleitoral, prevista originalmente para esta sexta-feira (23). Em nota, o instituto justificou a decisão dizendo ter identificado um erro de critério utilizado para as simulações de segundo turno.

Segundo o Ipec, “um dos candidatos que atingiu 2 dígitos nas intenções de voto da pesquisa divulgada no dia 16/09 não havia sido considerado. Em face disso, no dia 20/09, o Ipec retificou o registro feito anteriormente com um novo questionário e uma nova data de execução de campo”. O instituto acrescenta que cancelou as entrevistas que já haviam sido feitas.

Câmara Alta

O Senado é a Câmara Alta do Poder Legislativo, tem status de Casa revisora e representa os estados e o Distrito Federal. A Câmara representa o povo. O Senado é composto por 81 senadores, três para cada um dos 26 estados e para o Distrito Federal, com mandato oito anos cada um. A cada quatro anos alterna-se a renovação da Casa. Este renova-se um terço – um candidato por unidade da federação; na próxima eleição nacional, serão eleitos dois.

Uma atribuição privativa do Senado no Congresso Nacional é julgar o crime de responsabilidade, que pode levar o presidente da República ao impeachment. À Câmara só cabe autorizar o processo.