Violência nas eleições

Datafolha mostra que 67,5% dos brasileiros temem ser agredidos por escolha política ou partidária

Pesquisa mostra que o respaldo ao autoritarismo no Brasil caiu e que a maioria defende a demarcação de terras indígenas e rechaça liberação de armas

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A violência política no Brasil vem se acirrando desde 2018

São Paulo – Uma pesquisa Datafolha, encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e pela Rede de Ação Política pela Sustentabilidade (Raps), revela que a maioria dos eleitores diz ter medo de sofrer agressões por motivos políticos. O estudo, divulgado nesta quinta-feira (15), mostra que 67,5%, entre 2.100 entrevistados, responderam ter medo de serem “agredidos fisicamente pela sua escolha política ou partidária”. 

Os dados foram coletados em 130 municípios, entre os dias 3 a 13 de agosto. A pesquisa também mostra que 3,2% dos entrevistados sofreram ameaças por motivos políticos naquele mês. A violência política no Brasil vem se acirrando. Há quatro anos, assassinatos, ameaças e ofensas marcaram as eleições e, desde então, os casos vêm crescendo sem trégua também no pleito deste ano. 

Em julho, por exemplo, o policial penal federal Jorge Guaranho invadiu a festa de aniversário do guarda municipal, sindicalista e tesoureiro do PT, Marcelo Aloizio de Arruda, que tinha como tema o PT e imagens do ex-presidente Lula, em Foz do Iguaçu (PR). Gritando “aqui é Bolsonaro”, o apoiador do atual presidente assassinou o petista com três tiros. 

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Maioria defende democracia

Ao dimensionar o medo da violência política nestas eleições, as entidades também buscaram sondar o apoio à democracia e à agenda de direitos civis e humanos. Como resultado, a pesquisa também indicou que o respaldo ao autoritarismo caiu em relação ao estudo anterior, realizado em 2017. De acordo com o FBSP e a Raps, o indíce de propensão ao apoio a posições autoritárias saiu de 8,1 para 7,29. A escala vai de 0 a 10. O discurso perdeu mais força principalmente entre os jovens de 16 a 24 anos, observa o estudo. 

Por outro lado, os pesquisadores consideraram ser alto o apoio à democracia, que obteve um índice de 7,25. Ao menos 88,1% confirmaram, por exemplo, que o eleito em outubro devo tomar posse em 1º de janeiro. E até 89,3% atestaram como essencial “escolher seus líderes em eleições livres e transparentes”. O estudo relacionam que o apoio ao autoritarismo só é maior entre aqueles que temem a violência urbana. 

No campo social, contudo, houve uma ligeira queda no índice dos que apoiam a agenda de direitos civis, humanos e sociais. Há cinco anos, era 7,8 e agora está em 7,6. A maioria dos entrevistados, 82%, no caso, defenderam, porém, a demarcação de terras indígenas que foi paralisada pelo governo Bolsonaro. Os entrevistados também rechaçam a bandeira do armamento defendida pelo presidente. Pelo menos 66,4% afirmaram que armar a população não aumentará a segurança. As entidades avaliam que as mulheres tendem a apoiar mais a agenda de direitos sociais do que os homens. 

E taxação de grandes fortunas

Nesta quinta, o Datafolha também divulgou outra pesquisa, contratada pela Oxfam Brasil, que mostra que 85% dos brasileiros apoiam a taxação de grandes fortunas para o financiamento de políticas sociais. O estudo também identificou que 94% das pessoas concordam que a tributação paga deve beneficiar a população mais pobre.

Para esta pesquisa, foram entrevistadas 2.564 pessoas, entre os dias 8 a 15 de março deste ano. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos. E o nível de confiança é de 95%. A pesquisa expõe ainda que 96% dos brasileiros acreditam que é obrigação dos governos garantir recursos para os programas de transferência de renda e de assistência social, principalmente para quem mais precisa. A maioria, 95%, também defende que o Auxílio Brasil deve atender todas as pessoas que estejam em situação de pobreza. 

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Com informações da Folha de S.Paulo e do G1