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Lula pede união nacional: ‘Precisamos de novo mudar o Brasil’

Em lançamento de movimento pela reconstrução do país e de inauguração de pré-campanha, ex-presidente reafirmou necessidade de restaurar a democracia e a soberania. “Vamos vencer essa disputa distribuindo sorriso, carinho, amor, paz e harmonia”

TVT/Reprodução
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Em evento em São Paulo, Lula defendeu a união de "democratas de todas as origens" para ajudar a reconstruir o país

São Paulo – Em discurso que marcou a inauguração da pré-campanha à Presidência da República, na chapa composta ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin como vice, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva apontou caminhos para trazer de volta a soberania do país, com crescimento e inclusão social. E comparou os resultados dos governos petistas com o atual momento que o país atravessa, “o mais grave da nossa história”. “Precisamos de novo mudar o Brasil”, disse Lula, que promete fazer a “maior revolução pacífica” que o mundo já conheceu.

Lula esteve, neste sábado (7), em São Paulo, no lançamento do movimento Vamos Juntos Pelo Brasil, aliança que reúne sete partidos – PT, PSB, PCdoB, Psol, Rede, Solidariedade e PV – a centrais sindicais, movimentos sociais e lideranças de diversos setores da sociedade para restaurar a democracia e reconstruir o Brasil do desmonte promovido pelo governo Bolsonaro.

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“É preciso mais do que governar, é preciso cuidar. E nós vamos outra vez cuidar com muito carinho do Brasil e do povo brasileiro”, reafirmou o pré-candidato. Sobre as eleições deste ano, Lula afirmou que a disputa se dá entre forças que defendem a democracia, a educação, a preservação do meio ambiente e o desenvolvimento econômico com justiça social para todos, de um lado. Do outro lado, porém, está a mentira, a violência, as armas e um modelo de “Estado mínimo”, que atende aos interesses apenas dos mais ricos.

Ele criticou Bolsonaro, que tenta encobrir sua incompetência “brigando o tempo inteiro com todo mundo” e espalhando mentiras. “A verdade liberta, e o Brasil precisa de paz para poder progredir”.

Soberania

Em cerca de 50 minutos de discurso, Lula comparou os avanços do seu governo em todas as áreas com o atual cenário promovido pela gestão bolsonarista. “O primeiro fundamento da nossa Constituição é a soberania. No entanto, a nossa soberania e a nossa democracia vêm sendo constantemente atacadas pela política irresponsável e criminosa do atual governo. Ameaçam, desmontam, sucateiam. Colocam à venda nossas empresas mais estratégicas, nosso petróleo, nossos bancos públicos, nosso meio ambiente. Entregam de mão beijada todo o nosso patrimônio, que não pertence a eles, mas ao povo brasileiro. Destroem políticas públicas que mudaram a vida de milhões de brasileiros, admiradas e adotadas pelo mundo afora.”

Nesse sentido, Lula afirmou que é “mais do que urgente” resgatar a soberania do Brasil. E que esse resgate passa por defender o direito a “alimentação de qualidade”, empregos “com salário justo e direitos trabalhistas”, e com acesso à educação e saúde públicas de qualidade. Passa também pela defesa das empresas públicas e por um modelo de desenvolvimento sustentável, além da recuperação do protagonismo do Brasil no cenário internacional.

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“É defender a Petrobras, que vem sendo desmantelada e sucateada, dia após dia. Colocaram à venda as reservas do pré-sal. Entregaram a BR distribuidora e gasodutos. Interromperam a construção de refinarias e privatizaram outras. O resultado é que somos autossuficientes, mas pagamos uma das gasolinas mais caras do mundo, cotada em dólar, enquanto os brasileiros recebem em real”, destacou.

Comparação

Em ciência e tecnologia, por exemplo, Lula destacou que durante o seu governo, os investimentos saltaram de R$ 4,5 bilhões, em 2003, para R$ 13,9 bi em 2015. No entanto, com Bolsonaro, recuou para R$ 4,4 bilhões, menor valor em 20 anos. “Nos nossos governos, triplicamos os investimentos em educação, que saltaram de R$ 49 bi para r$ 151 bi. O atual governo vem reduzindo a cada ano. O orçamento do MEC para 2022 é o menor dos últimos 10 anos’.

Da mesma maneira, disse que na Saúde, atualmente, “Falta investimentos, profissionais e medicamentos. Sobram doenças e mortes que poderiam ser evitas”. Durante o seu governo, por outro lado, disse que o orçamento da pasta praticamente “dobrou”.

“Nenhum país será soberano se seu povo não tiver acesso à saúde, educação, emprego, segurança e alimentação de qualidade. Mas a cultura também precisa também ser tratada como um bem de primeira necessidade”, disse Lula, que afirmou que o atual presidente trata os artistas como “inimigos”. “Precisamos de livros, em vez de armas. Sem a arte, a vida fica mais dura. Vamos transformar a cultura numa indústria de fazer dinheiro e gerar empregos nesse país.”

Lula com chuchu, sem medo

Sobre a ampla aliança que vem construindo, o líder petista citou o educador Paulo Freire: “É preciso unir os divergentes para melhor enfrentar os antagônicos”. Disse querer reunir “os democratas de todas as origens” para construir um movimento “cada vez mais amplo”. “Esse é o sentido da nossa união, da união progressista que envolve os sete partidos. Todos dispostos a trabalhar não apenas pela vitória, mas pela reconstrução e transformação do Brasil, que será mais difícil do que ganhar as eleições”.

Assim, Lula destacou a participação do ex-governador Geraldo Alckmin, seu candidato a vice. “Tenho muito orgulho de contar com o companheiro Alckmin. Fomos de partidos diferentes, adversários, mas também trabalhamos juntos e mantivemos o diálogo institucional e o respeito pela democracia. Estou feliz de ter na condição de aliado um companheiro cuja lealdade sei que jamais faltará, nem a mim, nem ao Brasil”. Em tom de brincadeira, fazendo referência a uma das formas com que o ex-governador é popularmente conhecido, Lula disse esperar que “lula com chuchu” passe a ser “um prato de muito sucesso” entre os brasileiros ao longo deste ano.

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Por fim, o pré-candidato – que reafirmou estar “apaixonado” e que vai se casar ainda este mês – disse que o país tem atualmente “muita gente que está com a cabeça doente”. “Mas nós vamos curar esse país. Se preparem, vamos começar a percorrer esse país. Queremos muita gente na rua. E ninguém pode ter medo de provocação e de fake news. Vamos vencer essa disputa pela democracia distribuindo sorriso, carinho, amor, paz e criando harmonia.”

Encerramento do ato que inaugurou pré-campanha à Presidência da República (Ricardo Stuckert)