DIREITOS EM RISCO

Congresso precisa investigar uso de Pegasus contra fundador da Safernet, diz especialista

Sociólogo Sérgio Amadeu questiona omissão do Ministério Público sobre espionagem contra Thiago Tavares

Jefferson Rudy/Agência Senado
Jefferson Rudy/Agência Senado
De acordo com uma carta enviada a funcionários, Tavares teve seu computador invadido pelo aplicativo Pegasus – usado para perseguições políticas contra jornalistas e ativistas

São Paulo – O fundador e presidente da SaferNet Brasil, Thiago Tavares, teve que buscar um exílio, na Alemanha, após ser alvo de ameaças e espionagem por meio do aplicativo Pegasus. Para o sociólogo Sérgio Amadeu, especialista em políticas públicas e inclusão digital, o Congresso Nacional precisa investigar os responsáveis pelos ataques ao ativista.

De acordo com uma carta enviada a funcionários, Tavares teve seu computador invadido pelo aplicativo, usado para perseguições políticas contra jornalistas e ativistas. Segundo o especialista, os parlamentares devem convocar o representante da empresa israelense para descobrir quem ordenou a espionagem.

“Por que o Ministério Público não tomou medidas para saber quem colocou o Pegasus no celular do Thiago Tavares? Será que ele está sendo investigado por algum órgão do governo federal? Porque a narrativa deste governo sobre as Forças Armadas é s do inimigo interno, isso precisa de uma investigação”, questionou ele, em entrevista a Marilu Cabañas, do Jornal Brasil Atual.

Pegasus é perigo para democracia

A Safernet é uma organização de direitos humanos conhecida por sua atuação no combate à pedofilia on-line. E vinha trabalhando na captura de um dos maiores pedófilos do mundo, além de também trabalhar no combate à desinformação nas eleições.

O sociólogo afirma que se tornou recorrente no Brasil, desde que Bolsonaro se tornou presidente, ameaças a jornalistas e ativistas. “Thiago é vítima disso também. Ele construiu uma organização que começou combatendo de pedofilia nas redes e, após o crescimento do trabalho, também cuidou de combater a desinformação e discursos de ódio. Então, ele se tornou vítima das milícias digitais.”

De acordo com ele, se não houver uma mobilização do Congresso Nacional para frear as ações do aplicativo Pegasus, a democracia pode ficar mais fragilizada no Brasil. “Os responsáveis pela criação desses aplicativos são nocivos à democracia”, alertou.

“O Pegasus sabe quem está espionando Tiago Tavares porque é ilegal e ele não é um criminoso. É muito grave o que aconteceu. Soma-se isso com o projeto de lei do Bolsonaro, que tenta criar uma polícia secreta. Aí vai ter Pegasus e tudo o que for possível para fazer vigilância sobre a população. É muito, muito grave”, acrescentou Sergio Amadeu.