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Guedes falta a debate da ‘reforma’ da Previdência e reforça crise com Legislativo

Oposição, partidos do chamado centrão e até mesmo membros da base do governo criticaram ausência do ministro na comissão da Câmara. Deputados confirmam a instituição de uma crise entre os poderes

Arquivo EBC

Relação já estremecida entre Executivo e Legislativo pode aumentar chances da “reforma” ser barrada

São Paulo – O ministro da Economia, Paulo Guedes, faltou à audiência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, nesta terça-feira (27), onde era esperado para debate sobre pontos da “reforma” da Previdência. Membros da oposição, da base governista e de partidos do chamado “centrão” criticaram a ausência do ministro que levanta mais uma crise na relação já tensionada entre Executivo e Legislativo. “Ele fugiu, me parece medo total, porque não tem argumento e não tem base”, avalia a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) ao repórter Uélson Kalinovski, da Rádio Brasil Atual.

No lugar de Guedes, o secretário da Previdência, Rogério Marinho, foi à audiência, mas, a ausência do ministro, no entanto, sob a justificativa de que o Palácio do Planalto prefere conversar somente quando já estiver nomeado o relator da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019, que trata da “reforma” da Previdência, foi considerada uma forma de pressão e até de desrespeito à Casa. 

Membros da base do governo e do centrão consideram ainda a situação como uma “perda de oportunidade” de diálogo com os que estão em dúvida quanto à proposta. O fato é que nem mesmo essa ala tem certeza sobre as mudanças da reforma. Prova disso é que 13 partidos, entre os quais DEM, MDB, PSDB e PSD, apresentaram também nesta terça um manifesto para que o benefício assistencial ao idoso e à pessoa com deficiência (o chamado BPC) e o regime previdenciário dos trabalhadores rurais não sejam alterados como prevê a “reforma” do governo Bolsonaro.

“Por maioria ou unanimidade, eu não sei responder, (os partidos) chegaram ao denominador comum de que deveria ser retirado isso (Benefício de Prestação Continuada-BPC e trabalhadores rurais) da proposta que foi encaminhada para a Casa”, explica o deputado Edilázio Júnior (PSDB-MA).

Glauber Braga (Psol-RJ) considerou ainda que uma crise entre os poderes está definitivamente instalada. “O grau de desarticulação do governo é impressionante. E cada dia eu estou mais convencido de que, do mesmo jeito que a gente conseguiu fazer no governo Temer, de barrar o desmonte da Previdência pública, a gente vai conseguir fazer também com essa reforma do governo Bolsonaro, que repito, é pior que a do Temer”, afirma o deputado. 

Com a sessão suspensa ficou decidido em comum acordo que Guedes deve comparecer na CCJ na próxima quarta-feira (3). Caso o ministro se ausente novamente, a oposição afirma já ter 23 assinaturas  para seja feita uma convocação oficial. 

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