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Juíza que condenou Lula usa arquivo de Moro, comete lapsos e erra em sentença

Perícia comprova que Gabriela Hardt copiou trechos da sentença em que Moro condenou Lula no ano passado e Ministério Público Federal aponta 'erro material' na decisão sobre o sítio de Atibaia

Instituto Lula

“Quem realmente escreveu essa sentença? Moro de novo?”, questiona a equipe de Lula pelo Twitter

São Paulo – O instituto de perícia Del Picchia, especializado em análise de documentos, confirmou que a sentença da juíza Gabriela Hardt sobre o sítio de Atibaia (SP) se vale do “mesmo arquivo de texto” usado pelo juiz Sergio Moro no processo do tríplex de Guarujá, no litoral paulista. Na sentença da magistrada que substituiu o atual ministro da Justiça na 13ª Vara Federal de Curitiba, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi condenado a 12 anos e 11 meses, no último dia 6. A informação foi divulgada na coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo.

Moro havia condenado Lula em julho de 2018 pelo caso do tríplex. A defesa de Lula vai anexar a perícia nos recursos que serão apresentados ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), Superior Tribunal de Justiça (STJ) e Supremo Tribunal Federal (STF). O instituto de perícia aponta “lapsos” de Gabriela Hardt. O mais significativo é que ela reproduziu referência a um “apartamento” em sua sentença sobre o sítio.

“Sentença cheia de erros usou o mesmo arquivo de Moro. E tem vários erros como considerar o mesmo delator duas vezes, uma pelo nome, outra pelo apelido. Quem realmente escreveu essa sentença? Moro de novo?”, questiona a equipe de Lula pelo Twitter.

Segundo a coluna da Folha, Gabriela Hardt copiou trecho do caso de Guarujá na penúltima página. Embora a juíza tenha mudado a ordem de trechos, ela usou frases e expressões idênticas às de Moro, como na passagem sobre dosimetria da pena, no qual “um parágrafo inteiro é idêntico ao escrito por Moro em 2017”.

Pela manhã, Lula prestou depoimento à delegada Luciana Fuschini, da Polícia Federal (PF), sobre a ocupação do tríplex do Edifício Solaris, em Guarujá, em abril de 2018, por representantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

“Erro material”

Fora o uso do popular recurso copy/paste por Gabriela Hardt, nesta segunda-feira (25) o Ministério Público Federal (MPF) apontou “omissões e contradições por erro material” na sentença da juíza federal que condenou Lula no dia 6.

Segundo MPF, “em alguns pontos da sentença houve menção à prática do crime de corrupção ativa por Luiz Inácio Lula da Silva”.  Os procuradores esclarecem que a sentença da juíza está correta, mas que Lula não foi condenado por corrupção ativa. “Tratando-se de mero erro material, o Ministério Público Federal requer seja essa contradição retificada, para que passe a constar (apenas) o crime de corrupção passiva.”