14h, na Avenida Paulista

Em SP, forte aparato policial barra ato na porta de Temer. Domingo tem mais protesto

Caminhada de três quilômetros do Largo da Batata até o Alto de Pinheiros foi tensa, mas terminou pacificamente. Manifestantes prometem voltar: 'Temer, seus dias estão contados'

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Com a manifestação desta quinta-feira (8), já são dez dias seguidos de ‘Fora, Temer’

São Paulo – Forte aparato policial impediu que 15 mil pessoas chegassem à residência do presidente Michel Temer, no Alto de Pinheiros, na noite de hoje (8). O grupo, que saiu do Largo da Batata, a três quilômetros de distância, por volta das 19h, protestou contra o golpe, a retirada de direitos inserida nas propostas do governo e pediu eleições Diretas Já. O ato, organizado pelas frentes Brasil Popular e Povo sem Medo, terminou às 21h, nos arredores da casa de Temer, com a convocação de nova manifestação no domingo (11), às 16h, na Avenida Paulista.

“Eles acharam que a maioria do povo ia aceitar a legitimidade de um Congresso corrupto que votou o impeachment. Uma coisa é ter governabilidade no Congresso, outra coisa é ter governabilidade nas ruas. Isso o Temer não tem, e não vai ter nunca”, disse Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ressaltando que as organizações estão nas ruas há dez dias e, “desde a consumação do golpe, as manifestações se intensificam”.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, disse que o golpe é contra os trabalhadores, as mulheres, a juventude e a população LGBT, e que na próxima semana ocorrerão votações importantes relacionadas à proposta de terceirização irrestrita, defendida pelo governo, bem como a flexibilização das regras do pré-sal. Para detê-las, segundo ele, é preciso ocupar Brasília. Ele afirmou que outras mobilizações como essa seguirão ocorrendo, mas que é preciso parar esse país, se referindo à proposta de greve geral no próximo dia 22.

Vagner lembrou que na segunda-feira (12) será realizada a sessão para votar a cassação do deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que renunciou à presidência da Câmara. “Vamos a Brasília impedir o saqueamento do povo brasileiro”, avisou.

A PM já havia informado que não permitiria a aproximação, e colocou barreiras nas ruas próximas à residência, fortemente guardada por policiais. Eles se concentraram por cerca de 40 minutos em um bloqueio na Rua Massacá, onde gritaram palavras de ordem, e prometeram retornar.

“A casa grande hoje está tremendo, porque a senzala veio fazer uma visita. Temer, seus dias estão contados, golpista”, disse Raimundo Bonfim, da Central de Movimentos Populares (CMP). O ativista defendeu que é preciso combinar o ‘Fora, Temer’ com o ‘Fora, Alckmin’. Segundo ele, o governador é o responsável pela repressão violenta dos últimos protestos. E prometeu: “Na próxima, não vamos vir conversar. Vamos na casa do golpista botar ele para correr”.

O ex-senador e candidato a vereador Eduardo Suplicy (PT) disse que a cada semana aumenta a insatisfação popular com a decisão tomada pelo Senado de afastar a presidenta Dilma Rousseff, e recomendou que Temer e o Senado estabeleçam uma consulta à população.

A proposta de Suplicy é para que a consulta pública ocorra com as eleições municipais, em outubro, cabendo ao povo se manifestar pela permanência ou não de Temer na presidência. Se rejeitado, Temer deveria convocar novas eleições livres e diretas até dezembro. De acordo com a Constituição Federal, se o presidente for afastado nos dois últimos anos de mandato, a eleição para o cargo se daria de forma indireta.