Sem descanso

Luta por mudança de votos prossegue no fim de semana

Petistas ainda não têm a certeza de conseguir uma virada tão grande – mas não desistem do jogo. Tampouco os peemedebistas contam com os 60 votos favoráveis, conforme diziam abertamente até ontem

Brasília – Os senadores contrários ao afastamento de Dilma Rousseff demonstraram esperança com a possibilidade de serem mudados alguns votos pelo impeachment. Eles contam, além da posição de neutralidade que voltou a ser defendida pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), com outros dois fatores fortes: a ida de DilmA para fazer sua própria defesa no Senado, na próxima segunda-feira (29), e a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Casa, no mesmo dia.

“Queremos ver a reação de muita gente ligada a Lula quando o vir acompanhando o discurso da presidenta” chegou a dizer o senador Jorge Viana (PT-AC). Os senadores do PT desmarcaram a reunião que fariam ontem com a presidenta afastada para dar apoio a ela nesse período que antecede sua ida ao Congresso. Foram desaconselhados por juristas que consideraram que, pelo fato de estarem participando do julgamento e, por isso, terem a obrigação de agir como juízes, virem a ter sua suspeição contestada posteriormente, por adversários.

Mas está mantido um jantar com vários parlamentares considerados “indecisos” na forma como vão se posicionar durante a votação neste final de semana (o dia e horário não foram divulgados). O objetivo, por parte destes partidos contrários ao afastamento de Dilma, é conseguir que sejam feitas últimas conversas no sentido de se obter mudanças de posicionamentos. Essa mesma estratégia tem sido adotada pelo grupo de Temer – só que agora, o clima não é mais de “já ganhou” por nenhuma das duas partes.

O senador e ex-presidente Fernando Collor (PTC-AL), que votou pelo impeachment, na última sessão (de pronúncia da denúncia), conversou durante três horas ontem, no Palácio da Alvorada, com a presidenta afastada. Por sua vez, o ministro interino da Casa Civil, Eliseu Padilha, confirmou ter recebido dois parlamentares que diziam estar em dúvida e confirmaram que vão votar pelo afastamento.

Nem os petistas ainda têm a certeza de conseguir uma virada de jogo tão grande, nem os peemedebistas contam mais com perto de 60 votos favoráveis, conforme diziam abertamente até ontem. “Isso daqui vai ser igual o dia de eleição presidencial. Só se terá certeza depois que sair o resultado do painel eletrônico”, afirmou o senador Magno Malta (PR-ES).

Foi malta quem cobrou Lindbergh Farias (PT-RJ), em nome dos outros parlamentares pró impeachment sobre os motivos do encontro dele e de Jorge Viana ontem, com Renan Calheiros – que deixou incomodados os aliados da base de Michel Temer.