Análise

Vannuchi: ‘Derrota de Cunha pode acuá-lo e forçá-lo a fazer acordo de delação premiada’

Ao não conseguir fazer seu sucessor, Eduardo Cunha demonstra esvaziamento da sua influência. Analista cobra responsabilidade da Operação Lava Jato e espera a prisão de ex-presidente da Câmara

Lula Marques/AGPT

Cunha viu seu candidato, Rogério Rosso (PSD-DF), perder a presidência da Câmara para Rodrigo Maia (DEM-RJ)

São Paulo – O analista político Paulo Vannuchi aponta divergência nas análises da grande imprensa, que ora classificam a vitória de Rodrigo Maia (DEM-RJ) para a presidência da Câmara dos Deputados como uma derrota para o governo Michel Temer, ora como uma vitória. Mas, segundo ele, em comentário na edição de ontem (14) do Seu Jornal, da TVT, existe consenso, entre analistas e políticos, de que o grande perdedor da disputa foi o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Casa, que não conseguiu fazer o seu sucessor.

A opção de Cunha era o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), que perdeu o segundo turno da eleição para a cadeira da presidência da Câmara. Como sinal da derrota de Cunha, Vannuchi lembra do encontro entre ele e Temer, que sinalizaria para uma espécie de acordo que pudesse garantir sobrevida a Cunha, em troca da sua renúncia ao comando da Câmara.

Na avaliação de Vannuchi, a derrota de Cunha pode acuá-lo e forçá-lo a fazer acordo de delação premiada, esclarecendo jogos e negociatas que envolveriam outros políticos do alto escalão, colocando o atual governo em risco. “Na minha avaliação, isso inviabilizaria totalmente o governo Temer”, afirma o analista, que acredita que assim se abriria a possibilidade de saídas como o plebiscito ou convocação de eleições gerais.

Vannuchi diz que, afastado da presidência e com o seu poder esvaziado, Eduardo Cunha tem que acabar preso, “por bastante tempo”, e que seja despojado dos recursos de origem ilícita, seu instrumento principal de influência. O analista faz uma provocação aos integrantes da Operação Lava Jato: O mais importante, agora, é verificar se a Operação Lava Jato foi apenas parte de um grande golpe político para tirar o PT do poder, ou se seus integrantes são pessoas com o compromisso, de fato, com o combate à corrupção”.

Sobre o novo presidente, Rodrigo Maia, Vannuchi destaca que ele é “uma pessoa de direita” e foi também um dos articuladores do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.