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Frente Povo Sem Medo fará ato contra ilegitimidade do governo Temer dia 31

Organização de movimentos sociais aposta em ideia de plebiscito como 'bandeira aglutinadora para somar forças na luta contra o golpismo'

mídia ninja/reprodução

Boulos ataca ‘hipocrisia das pessoas que foram às ruas dizendo que o impeachment era contra a corrupção’

São Paulo – A Frente Povo Sem Medo, organização que reúne mais de 35 movimentos sociais em todo o país, anunciou hoje (14) que fará ato no próximo dia 31, em São Paulo, ainda sem local definido. As reivindicações são centralizadas na defesa de direitos e contra retrocessos promovidos pelo governo interino de Michel Temer. “É preciso marcar um contraponto. É preciso pôr um freio na hipocrisia das pessoas que foram às ruas, enganando as demais, dizendo que o impeachment era contra a corrupção”, afirmou, em entrevista coletiva, o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos.

No dia 31 também está marcada manifestação de setores que apoiam o impeachment da presidenta Dilma Rousseff, na Avenida Paulista. Para Boulos, isso não significa que exista qualquer tipo de intenção de confronto. “Queremos deixar claro que a Frente Povo Sem Medo não tem interesse em conflitos. Queremos que as pessoas possam escolher onde ir. Podem escolher o ato da turma financiada pelo PSDB e pelo DEM, ou podem optar pela defesa da ilegitimidade deste governo interino que propõe retrocessos brutais nos direitos sociais”, afirmou.

Além do “Fora, Temer”, os movimentos sociais apostam na ideia da realização de um plebiscito para unificar as pautas da esquerda. Em nota divulgada pelas redes sociais, e lida durante a entrevista, a organização afirma que “a grande tarefa das forças populares é derrotar este governo e, com ele, o golpe (…) Diante de um governo biônico e com uma pauta de duros retrocessos, o povo deve ser chamado a decidir. Nesse sentido, a proposta de um plebiscito sobre a antecipação ou não das eleições (…) pode ser uma bandeira aglutinadora para somar forças na luta contra o golpismo”.

A Frente Povo Sem Medo ainda faz um apelo à necessidade de uma reforma política no país. “O problema não é apenas Temer. É o sistema brasileiro que faliu e perdeu qualquer vínculo de representação efetiva com a maioria da sociedade.” Em contraponto, a organização ataca projetos da agenda do presidente interino: “Estamos diante da ameaça de uma regressão social grave, com desmonte de direitos trabalhistas conquistados pelo povo, além da entrega de patrimônio público. O golpe é duplo: um presidente que não foi eleito, aplicando um programa que não foi e jamais seria”.

Entre os projetos criticados está a reforma da Previdência, que ainda não tramita no Legislativo, mas é pauta presente nos discursos do governo. O recém-eleito presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), da base de Temer, já acenou para a urgência da tramitação do projeto, bem como o Projeto de Lei  4.567/16, de autoria do senador José Serra (PSDB-SP), que tira da Petrobras a exclusividade na operação do pré-sal e prevê alterações no regime de partilha.

A professora Janeslei Aparecida Albuquerque, da Secretaria de Mobilização e Relação com Movimentos Sociais da CUT, também criticou a conjuntura política. “Rodrigo Maia representa setores mais atrasados da política brasileira, comprometido com uma agenda antipopular. Vai buscar agilizar projetos de retirada de direitos. Vamos combater Rodrigo Maia e suas políticas, pois ele é a continuação das políticas que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) vinha defendendo”, afirmou.

Confira também reportagem do Seu Jornal, da TVT: