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Servidores repudiam fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário

Pasta era responsável pela articulação de políticas voltadas para a agricultura familiar, que responde por 70% da produção de alimentos

reprodução/TVT

Em frente ao prédio do extinto ministério, movimentos do campo e funcionários do MDA protestam

São Paulo – Trabalhadores e movimentos do campo se manifestaram ontem (9), em Brasília, contra o fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). O ato fez parte da Jornada Nacional de Luta contra o Golpe e pela Defesa de Direitos, iniciativa da Frente Brasil Popular, que reúne mais de 60 entidades, entre as quais o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O MDA foi extinto pelo governo interino de Michel Temer, em 13 de maio, e unificado com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Algumas secretarias que tratam da reforma agrária e da agricultura familiar foram deslocadas para a Casa Civil.

No protesto, servidores afirmaram que a extinção do ministério vem acarretando problemas, como, por exemplo, o recolhimento de cerca de R$ 170 milhões que deveriam ser investidos no Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), que garante a compra de alimentos para escolas, hospitais, restaurantes comunitários.

O ex-ministro do MDA e hoje deputado Federal Pepe Vargas (PT-RS) afirmou que as políticas da pasta foram responsáveis por retirar milhões de pessoas da pobreza no mundo rural. “A renda média, nos domicílios da agricultura familiar tiveram, entre 2003 e 2011, por exemplo, um crescimento de 52% acima da inflação. Extinguir esse ministério é um crime”, disse Vargas, em entrevista ao repórter Uélson Kalinoviski, para o Seu Jornal, da TVT.

“Nós temos mais de 4 milhões de famílias da agricultura familiar, nós temos assentamentos da reforma agrária, quilombolas, ribeirinhos que produzem 70% da produção alimentar no país, e o espaço deles, a casa deles no governo para as suas políticas públicas, é o MDA. O governo golpista interino roubou. Roubou o espaço de quem produz comida nesse país”, afirmou o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT-RS), também ligado às questões do campo.

O coordenador nacional do MST Alexandre Conceição promete seguir com as mobilizações contra o fim das políticas que atingem diretamente os agricultores. ”’Vamos nos mobilizar para esse governo não governar”, afirmou.

Mais de 40 trabalhadores comissionados já foram demitidos e, nesta sexta-feira, a previsão é que pelo menos outros 60 funcionários do ministério devem ser exonerados. “Significa que toda a inteligência, toda a memória, todo o acúmulo dessas pessoas, durante anos, que são técnicos imbuídos da coisa pública, a gente vai perder”, lamenta a ex-secretária-executiva do MDA Maria Fernanda Ramos Coelho.