caxias do sul

Pepe Vargas denuncia ataque ‘fascista’ a sua residência

Em nota, deputado federal (PT-RS) diz que cerca de 200 pessoas contra o governo Dilma colocaram-se em frente ao prédio onde mora afetando familiares e vizinhos

arquivo abr

Pepe Vargas: ‘Disputem o governo nas urnas, como fazem os verdadeiros democratas’

São Paulo – A residência do deputado federal Pepe Vargas (PT-RS), em Caxias do Sul, foi atacada por manifestantes contrários ao governo da presidenta Dilma Rousseff. Em nota, o ex-ministro da Secretaria de Direitos Humanos disse que na noite de ontem (20) cerca de 200 pessoas colocaram-se em frente ao prédio onde mora afetando não apenas seus familiares como os demais moradores do condomínio.

“Sempre tive relacionamento respeitoso e fui respeitado pelos partidos que fizeram oposição ao meu governo”, diz. “Não serão atitudes fascistas desta natureza que me farão deixar de defender a democracia, a liberdade de expressão e a ordem constitucional democrática”, afirma o deputado.

Íntegra da nota

“Na noite de ontem, por volta das 22h30, uma turba de cerca de 200 pessoas, remanescente de um ato contra o governo Dilma, insuflada pela intolerância e pelo ódio que nos últimos meses algumas lideranças políticas da oposição pregam contra o governo Dilma e contra o PT, associada à tentativa de criminalização do partido por parte de articulistas de alguns veículos da mídia, se dirigiu ao prédio onde resido em Caxias do Sul.

Não afetaram só os meus familiares, mas também as demais famílias que residem no mesmo condomínio, onde há crianças e idosos.

Fui prefeito de Caxias do Sul por oito anos consecutivos. Terminei meu mandato com 92% de aprovação, segundo pesquisa do Ibope. A comunidade de Caxias do Sul me conhece, sabe que fiz e continuo fazendo muito pela cidade. Nunca me neguei a auxiliar os governos que me sucederam nos seus pleitos junto ao governo federal. Sempre tive relacionamento respeitoso e fui respeitado pelos partidos que fizeram oposição ao meu governo.

Disputei eleições para prefeito contra o ex-governador Rigotto e o atual governador Sartori e venci. Também perdi para o Sartori em uma eleição. Foram processos eleitorais com forte polarização, porém respeitosos de ambos os lados, o que foi destacado por todos os veículos de imprensa como um exemplo a ser seguido.

Tenho 23 anos de mandatos públicos, como vereador, deputado estadual, prefeito, deputado federal e ministro de Estado em três pastas distintas, e nunca fui sequer indiciado para responder a qualquer processo por corrupção. Atendo a todos os requisitos exigidos pela chamada lei da ficha limpa. Portanto repudio com veemência as injúrias e ofensas que aquelas pessoas gritavam na frente da minha residência.

As pessoas que lá estiveram agiram como uma turba fascista e não representam a sociedade caxiense, que respeita o trabalho e a dignidade das famílias. Espero que se arrependam do que fizeram, pois errar é humano. Não se trata de recriminar o fato de ser contra o PT e o governo federal, um direito que eles têm, dentro da democracia que lutamos para conquistar a duras penas contra a ditadura militar, que reprimia ferozmente qualquer manifestação contra o governo da época. Mas se trata de dizer que eles não têm o direito de perturbar o sossego de famílias na frente das suas residências, muito menos lançar injúrias e ódio.

As investigações sobre a corrupção no Brasil estão acontecendo. As instituições agem sem constrangimentos. Há políticos do PT, PMDB, PDT, PP, PSDB, DEM, e de todos os partidos sendo investigados. O que não significa que todos os filiados destes partidos sejam criminosos. Sequer os investigados podem ser taxados de criminosos, pois a todos devem ser garantidos os direitos constitucionais da presunção da inocência, do ônus da prova, do devido processo legal, com ampla defesa e direito ao contraditório. Por que só aos petistas se dirige este ódio e a criminalização generalizada?

Espero que as pessoas reflitam sobre isso, principalmente as lideranças políticas e os profissionais da mídia, uma vez que suas palavras influenciam o comportamento de muitas pessoas.

Agradeço às inúmeras mensagens e gestos de solidariedade que eu e meus familiares recebemos nas últimas horas.

Não serão atitudes fascistas desta natureza que me farão deixar de defender a democracia, a liberdade de expressão e a ordem constitucional democrática.

Respeito o papel da oposição, mas digo: não joguem o Brasil no caos político e econômico do golpe. As consequências serão graves e duradouras, não haverá estabilidade política e econômica para nenhum governo originado da interrupção do processo democrático. Disputem o governo nas urnas, como fazem os verdadeiros democratas.”