Câmara

PMDB define data e sistema de escolha do próximo líder. Faltam as candidaturas

Apesar de já estarem acertados os nomes de Picciani (RJ) e Quintão (MG) na disputa, Eduardo Cunha promete lançar um terceiro candidato, tornando mais incerto um acordo entre os grupos

Agência Câmara / Fotos Públicas

Quintão e Picciani disputam liderança do PMDB na Câmara, que pode ter ainda um terceiro candidato, o de Cunha

Brasília – Na noite desta terça-feira (19), a bancada do PMDB na Câmara finalmente chegou a um acordo e definiu que a eleição interna para escolha do líder da legenda na Casa será pelo sistema de maioria simples, no qual o eleito tem a metade dos votos da sigla mais um. Com isso, foi deixado de lado o sistema de maioria absoluta, em que o vencedor da disputa teria de ter dois terços do total de integrantes da bancada. Com isso, a data e a forma de votação para recondução da liderança do PMDB na Câmara foram acertadas, mas o principal, ainda promete ser objeto de várias reuniões.

A ala oposicionista, que não deseja a recondução do atual líder, Leonardo Picciani (RJ), a princípio trabalhava pelo sistema de maioria absoluta, mas foi vencida pelo outro grupo. Assim, serão necessários 34 votos para ser definido (ou reconduzido) o líder da legenda, enquanto, se fosse mantido o outro sistema, o vencedor teria de ter 44 votos.

A reunião, realizada na liderança do PMDB na Casa, definiu também que a data prevista inicialmente para a escolha do líder, que seria 3 de fevereiro, deve ser adiada para o dia 17, prolongando o tempo para a realização de novas negociações e consensos entre os vários grupos em disputa dentro do partido.

Resta saber quais e quantos serão os candidatos. Além de Leonardo Picciani, atual líder, Leonardo Quintão (MG) declarou que disputará a vaga por meio de uma candidatura avulsa, para a qual conta com o apoio do vice-governador de Minas Gerais, Antonio Andrade, presidente do PMDB mineiro. Andrade tenta convencer o governador, Fernando Pimentel (PT), e o Palácio do Planalto de que não há uma intenção firme por parte de Quintão de apoiar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff.

“Se for o escolhido serei um líder independente, atuando conforme for a decisão da maioria da bancada. Essa especulação de que trabalharei pelo impeachment foi inventada pelo Picciani para me prejudicar”, acusou Quintão.

Terceira frente

Numa terceira frente, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que é ex-aliado e hoje desafeto de Picciani, anunciou que vai indicar um candidato do seu grupo para disputar o mesmo cargo. Cunha afirmou ontem para aliados que elaborou uma lista com seis nomes, que será objeto de discussão entre os peemedebistas ligados a ele, nos próximos dias.

A definição da liderança do PMDB é importante para as articulações da base aliada do país como um todo, em função da aliança entre PT e PMDB. Caso Picciani seja reconduzido, ficará mais fácil para o Executivo conseguir o apoio do partido, não apenas na comissão que avalia o processo de impeachment, mas principalmente na discussão e aprovação das matérias de interesse do governo na Câmara.

Caso seja eleito um líder com outra postura, o PMDB pode assumir um caráter mais oposicionista que o já observado em algumas alas da legenda.