para além dos partidos

Vannuchi saúda ‘bicicletaço’ como nova forma de fazer política

Comentarista esteve presente em ato que reuniu mais de 5 mil ciclistas na avenida Paulista contra suspensão de obras de ciclovias; mobilização virou festa com anúncio de que proibição foi derrubada

Mídia Ninja

Ciclistas protestaram e puderam comemorar a suspensão da liminar que impedia a construção de novas ciclovias

São Paulo – O comentarista político da Rádio Brasil AtualPaulo Vannuchi afirma que o bicicletaço ocorrido na última sexta-feira (27), quando mais de 5 mil cicloativistas tomaram a avenida Paulista, em São Paulo, em protesto contra a decisão da Justiça de suspender a construção de ciclovias, representa uma nova forma de participação política, que transcende os limites da atuação partidária. Os partidos são imprescindíveis para a democracia, diz o analista, mas a atuação política não pode se conter a eles e deve ir além.

O analista conta que, desavisado, foi surpreendido pela grande concentração de ciclistas, ao caminhar pela região da avenida Paulista. “Não sei de onde surgiram tantas bicicletas”, afirma, acrescentando que os manifestantes bradavam as palavras de ordem “vai ter ciclovia” e “mais amor, menos motor”. Ainda na noite de sexta-feira, os manifestantes puderam comemorar a decisão da Justiça, anunciada por volta de 21h, que derrubou determinação anterior contra a ampliação das ciclovias.

Segundo o analista, o projeto de implementação de ciclovias é uma das experiências mais bem avaliadas da gestão do prefeito Fernando Haddad, “um grande investimento no futuro”, na busca por alternativa ao excesso de automóveis.

Vannuchi classifica a proibição da Justiça como uma decisão “estúpida”, baseada em convicções ideológicas, e não em defesa do direito. O comentarista frisa que as posições político-partidárias são legítimas, mas devem se manifestar através “do voto, da participação partidária, da participação política ampla”, e não por uma decisão judicial.

“A mídia fez o que com esse bicicletaço inédito?”, indaga Vannuchi, ao denunciar a tímida cobertura do evento por parte dos grandes veículos de imprensa. “A gente vê a mídia fazendo mais um lance do abandono do jornalismo e da sua transformação em força política.”

Vannuchi relata ainda, durante o bicicletaço, a cena de “um jovem de 35 anos, bem vestido”, que berrava contra os ciclistas “Vão pra Cuba”. O analista conta que interpelou o sujeito sobre a relação entre Cuba e as bicicletas e ouviu a explicação: “Tenho o direito de andar, não podem proibir o direito do meu carro”.

O analista classifica o episódio como loucura, “parte desse surto político nacional, fóbico, paranóico, odioso, que precisa ser interrompido, com urgência”, chamando à participação de todas as forças democráticas, para pôr fim a esse processo. Vannuchi teme que casos que começam como coquetéis molotov – em alusão ao ataque ao diretório municipal do PT na quinta-feira (26) – evoluam para “crimes de sangue”.

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