‘Siemens e Alstom devem ser banidas do país’, defende deputado paulista
Antonio Mentor (PT) afirma que banimento seria a medida correta a se tomar, depois da admissão da existência de cartel por presidente do metrô, Luiz Antonio Carvalho Pacheco, nesta semana
Publicado 06/09/2013 - 12h25
Enquanto expansão do metrô paulista acumula atrasos, corrupção entre governo do estado e empresas é comprovada
São Paulo – O deputado estadual Antônio Mentor (PT) afirmou, ao programa de rádio Jornal Brasil Atual de hoje (6) que, diante da clareza dos fatos sobre a formação de cartel nas licitações do Metrô e da CPTM no estado de São Paulo, as empresas envolvidas no episódio devem ser banidas do país, os contratos ainda vigentes devem ser imediatamente suspensos.
“O que está muito claro é que houve um cartel. O que está muito claro é que o cartel visa fraudar processo de licitação e de livre concorrência. E isso é crime de mercado. Portanto, uma empresa que comete esse tipo de ilicitude tem de ser banida, tem de ser punida por seus atos e não pode continuar a ser beneficiada pelos mesmos órgãos que ela fraudou, como é o caso do metrô. Por isso estes contratos que ainda estão em vigor precisam ser imediatamente suspensos”, disse Mentor.
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“Este cartel tem contratos que somam algo em torno de R$ 42 bilhões, em valores atualizados. Foi dito por órgãos internacionais pelos Ministérios Públicos da França, Alemanha e Suíça que o superfaturamento no Brasil era de 25% a 30%, o que dá mais de R$ 12 bilhões de superfaturamento e sangria dos cofre públicos de São Paulo, são valores astronômicos”, diz o parlamentar.
Para o deputado estadual Adriano Diogo (PT), o PSDB vive um dilema diante das acusações. “Eles admitem existência de cartel mas se colocam como vítimas, como se nunca o jogo teria sido combinado. É uma coisa terrível, um dilema vivido por eles”, comenta.
Em 2004, as investigações de irregularidades em contratos das empresas Siemens e Alstom começaram na Suíça. A partir de 2008, a liderança do PT na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) entrou com mais de 15 representações nos Ministérios Público Estadual e Federal. As representações denunciavam direcionamento nas licitações para aquisição e reforma de trens, na construção e extensão de linhas metro ferroviárias no estado, prática de corrupção, formação de cartel, lavagem de dinheiro, pagamento de propina às autoridades e prorrogações ilegais de contrato. No exterior, o Ministério Público alemão condenou a Siemens e apontou pagamento de propina de R$ 24,4 milhões a funcionários de alto escalão do governo do PSDB.
Ouça aqui a reportagem de Vera Rodrigues:.