Kátia Abreu defende posição de direita e confirma entrada no PSD de Kassab

Kátia Abreu assumiu-se defensora do livre mercado e de uma agenda de direita mesmo dentro do PSD (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado) São Paulo – A senadora Kátia Abreu (TO) vai […]

Kátia Abreu assumiu-se defensora do livre mercado e de uma agenda de direita mesmo dentro do PSD (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

São Paulo – A senadora Kátia Abreu (TO) vai deixar o DEM para ingressar no Partido Social Democrático (PSD), articulado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (ex-DEM). A mudança havia sido anunciada em entrevista na terça-feira (5) e foi confirmada em pronunciamento no plenário nesta quarta (6). Presidenta da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e uma das principais vozes da bancada ruralista no Congresso Nacional, ela alega que o motivo da mudança é a infidelidade do partido a seu programa.

“Essa decisão não deriva de rompimento, briga ou dissidência, mas da constatação de que se esgotou um ciclo”, disse a senadora. Além de Kassab e de Kátia Abreu, o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, e o ex-deputado federal Índio da Costa, candidato derrotado a vice-presidente da República, aderiram ao novo partido. Todos eles também faziam parte do DEM. A legenda ainda está em fase de articulação, já que precisa recolher assinaturas e ser aprovada junto à Justiça Eleitoral.

Segundo Kátia Abreu, é preciso que se inicie um novo ciclo na política brasileira, em que se dê conteúdo doutrinário à democracia, em que os políticos expressem convicções e sejam cobrados pela fidelidade a elas e não a cargos, interesses ou partidos. “É com este propósito e tendo em vista o clamor da sociedade brasileira por renovação política que formalizo, aqui, desta tribuna, minha saída do Democratas ao mesmo tempo em que anuncio que estou me associando a lideranças nacionais empenhadas em criar o Partido Social Democrático, o PSD”, disse.

A senadora afirmou que tem respeito e reconhecimento pela função que o DEM desempenhou no processo de redemocratização e pelo “papel histórico” de sustentação aos dois governos do PSDB e de oposição aos dois governos do PT, mas disse que a atuação partidária hoje tem concepção distinta da dela, especialmente no que se refere à postura de independência em relação ao quadro atual da política brasileira.

Ela citou dois episódios recentes de atritos com a cúpula do DEM. Ela votou com o governo pelo salário mínimo de R$ 545, e não pela emenda defendida pela bancada, de R$ 600. Em outro episódio, ela se posicionou contra a base de Dilma Rousseff, contra uma medida provisória que capitalizava o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Em ambas as ocasiões, votei tendo em vista a defesa de um princípio que o DEM e eu sempre postulamos: a responsabilidade fiscal. E assim entendo que deva ser. Um partido deve, antes de tudo, ter caráter, ser fiel ao seu programa, não à ética sem caráter”, defendeu.

Assumidamente de direita

A senadora disse que não pretende aderir à base governista com a mudança para o PSD, mas não descartou convergência em alguns momentos. A senadora defendeu a economia de mercado como único modo de geração de riqueza e sustentabilidade e disse que é urgente defender a liberdade de pensamento. Deixando claro que tem uma posição de direita, ela fez críticas ao espaço dado para essa linha ideológica.

“A hegemonia do pensamento esquerdista que a estratégia gramsciana de revolução cultural inoculou na academia estabeleceu a ditadura do pensamento. Quem hoje se sente à vontade, nas universidades e meios culturais, de se apresentar como sendo de direita ou liberal? Será renegado e excluído do debate, como um pária, e isso é trágico”, atacou.

A senadora afirmou que o termo “social” que está no nome do partido indica que a preocupação com as famílias de baixa renda ou sem renda nenhuma não é “monopólio de ninguém e está longe de ter dono”.

Composição do PSD

A bancada federal de 40 deputados seria formada por parlamentares de diversos partidos da oposição e da base aliada, segundo ela. Até agora, sete deputados do DEM já anunciaram que pretendem migrar para o PSD. Outros sete do PPS também já comunicaram aos criadores do novo partido que migrarão.

“Os que têm nos procurado têm reclamado muito da ditadura partidária em várias legendas”, disse. A senadora explicou que até agosto o PSD pretende ter seu registro aprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e para isso terá que colher cerca de 500 mil assinaturas. “Faremos isso nos próximos dois meses.”

Segundo ela, o governador do Amazonas, Omar Aziz (PMN), já informou aos criadores do PSD que migrará para a nova legenda e que o governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (DEM), ainda está estudando a possibilidade.

“Ele deseja trocar, mas está estudando o melhor momento. Depende da composição no Estado”, disse. A senadora afirmou que caso Colombo migre para o PSD o ex-senador e ex-presidente do PFL (antigo nome do DEM), Jorge Bornhausen também ingressa no novo partido. “Vem todo mundo, daí.”

A senadora revelou ainda que em recente conversa com o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), ele manifestou o desejo de migrar para o PSDB caso seu partido sofra uma grande baixa.

“Ele me disse há três semanas, e não pediu sigilo, que se houvesse uma saída forte do DEM, iria para o PSDB”, contou ela, que avaliou que isso só poderia ser feito por meio de uma fusão entre as duas legendas de oposição.

ACM Neto, no entanto, desmentiu a senadora. “Ela está faltando com a verdade. Hora nenhuma eu disse isso. Ela só pode estar tentando criar mais confusão. Está tentando gerar desconfiança sobre a viabilidade do partido”, rebateu.

Com informações da Reuters e Agência Senado

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