Obama e Medvedev fecham acordo para pacto sobre armas nucleares

Obama conversa, ao telefone, com Medvedev. Presidentes concordaram em reduzir seu arsenal nuclear para “apenas” 1.550 ogivas (Foto: Pete Souza/Casa Branca) Washington – Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, […]

Obama conversa, ao telefone, com Medvedev. Presidentes concordaram em reduzir seu arsenal nuclear para “apenas” 1.550 ogivas (Foto: Pete Souza/Casa Branca)

Washington – Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e da Rússia, Dmitry Medvedev, fecharam nesta sexta-feira (26) um acordo sobre um tratado histórico de redução de armas nucleares e vão se reunir para assinar o tratado em 8 de abril, em Praga.

Após meses de impasse, o acordo para o texto que substituirá Tratado de Redução de Armas Estratégicas (Start, na sigla em inglês), datado da era da Guerra Fria, é a mais importante conquista de política externa de Obama desde que chegou ao poder. A notícia também reforça seu esforço para “reiniciar” os laços dos EUA com Moscou.

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Obama e Medvedev deram os retoques finais ao acordo histórico em um telefonema, comprometendo as duas maiores potências nucleares do mundo a empreender grandes reduções em seus arsenais.

“Tenho a satisfação de anunciar que, após um ano de negociações intensas, Estados Unidos e Rússia acordaram o mais abrangente acordo de controle de armas em quase duas décadas”, disse Obama a repórteres. Em Moscou, Medvedev saudou o acordo, dizendo que reflete “o equilíbrio dos interesses dos dois países”, disse o Kremlin.

Pelos termos do acordo, válido por dez anos, cada lado terá que reduzir suas ogivas estratégicas posicionadas das 2.200 atuais para 1.550 e também fará reduções importantes em seu estoque de lançadores, disse a Casa Branca.

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, disse que o acordo transmitirá ao Irã e à Coreia do Norte, países envolvidos em impasses nucleares com o Ocidente, uma mensagem sobre seu compromisso em impedir a proliferação nuclear.

“Com esse acordo, Estados Unidos e Rússia – as duas maiores potências nucleares do mundo – também transmitem um sinal claro de que pretendemos liderar”. disse Obama.

“Ao cumprir nossos próprios compromissos assumidos sob o Tratado de Não-Proliferação Nuclear, fortalecemos nossos esforços globais para barrar a propagação dessas armas e asseguramos que outros países cumpram suas próprias responsabilidades”, disse Obama.

Assinatura em Praga

Obama e Medvedev pretendem assinar o novo Tratado de Redução de Armas Estratégicas, que virá substituir um tratado de 1991 cuja vigência terminou em dezembro, em 8 de abril em Praga, capital da República Tcheca, antigo satélite soviético que hoje faz parte da Otan.

Essa data é próxima do aniversário do discurso proferido por Obama em Praga no ano passado, anunciando sua visão de eventualmente livrar o mundo de armas nucleares, e vai ajudar a criar ímpeto para uma segunda cúpula sobre segurança nuclear da qual Obama será anfitrião em Washington entre 12 e 14 de abril.

A Casa Branca disse que o novo tratado não restringirá os programas americanos de defesa antimísseis, que vinham representando um obstáculo nas negociações, devido às objeções da Rússia a esses planos.

“O tratado reduzirá em mais ou menos um terço as armas nucleares dos EUA e Rússia. Ele prevê uma redução significativa dos mísseis e lançadores e a instalação de um regime de verificação eficaz e forte”, disse Obama.

“E conserva a flexibilidade de que precisamos para proteger e promover nossa segurança nacional e para garantir nosso compromisso inabalável com a segurança de nossos aliados.”

Obama ainda enfrentará uma luta no Senado norrte-americano para a ratificação do tratado, em um momento de rancor partidário na esteira da disputa acirrada que terminou com a aprovação pelo Congresso de sua reforma da saúde.

Ele disse que vai trabalhar estreitamente com outros democratas e com a oposição republicana para obter a aprovação pelo Senado do tratado, que requer uma maioria de dois terços para ser ratificado.

O novo pacto pode fortalecer Obama politicamente, garantindo a ele uma importante vitória na área da política externa, que virá somar-se à vitória na política doméstica que ele teve esta semana quando sancionou a reforma da saúde.

Negociadores russos e norte-americanos vinham há quase um ano tentando conseguir um pacto para dar continuidade ao START. Eles perderam o prazo final de 5 de dezembro, quando terminou a vigência do START I.

Fonte: Reuters