No Egito, oposição vive ‘Dia da Partida’

O clérigo egípcio Safwat Higazi é visto durante conflitos entre manifestantes pró e contra governo em Cairo, 3 de fevereiro de 2011. (Foto:Amr Abdallah Dalsh/Reuters) Brasília – Esta sexta-feira (4) […]

O clérigo egípcio Safwat Higazi é visto durante conflitos entre manifestantes pró e contra governo em Cairo, 3 de fevereiro de 2011. (Foto:Amr Abdallah Dalsh/Reuters)

Brasília – Esta sexta-feira (4) no Egito foi batizada de Sexta-Feira da Partida, em uma alusão à possibilidade de o presidente do Egito, Hosni Mubarak, deixar o poder. Mais uma vez, os manifestantes passaram a última madrugada em vigília na Praça Tahrir, que se transformou no centro dos protestos contra o governo, segundo a agência de notícias Lusa.

É o 11º dia de manifestações. Na última terça-feira (1), a oposição convocou e conseguiu reunir manifestantes para a chamada Marcha do Milhão. A Organização das Nações Unidas estima que mais de 300 pessoas já tenham morrido desde o início dos protestos no Egito, no dia 25 de janeiro.

Militares formaram um cordão defensivo em volta da praça. O Exército aumentou ainda o número de homens na área. Apesar disso, há a permissão para que as pessoas entrem normalmente no local. Manifestantes gritaram palavras de ordem e pedem a saída do presidente egípcio. Religiosos muçulmanos mantêm as cinco orações diárias em meio à confusão de gritos, movimentação de militares e tensão.

“Não vamos sair daqui”, avisou o comerciante Waalid Kamel, de 33 anos. “Não saímos porque Mubarak quer que a gente vá embora. Isso seria o início do banho de sangue”, disse ele. “As pessoas aqui levaram tanta pancada, sofreram tanto, que não estão dispostas a ir para outro lugar.”

Há barricadas na área que dá acesso à praça e em várias ruas do Cairo. Militares mantêm a vigilância em regiões consideradas estratégicas. Vez por outra há alarmes. “Todos que estão aqui são pacíficos. Era muito fácil termos vindo de casa com facas. Mas se nos revistarem não será encontra uma pedra sequer”, disse Kamel.

As reações contra o governo egípcio se estendem para outros países da região. Os protestos contra Mubarak atingem até Istambul, na Turquia, onde organizações turcas convocaram uma manifestação para depois da tradicional oração de sexta-feira – dia sagrado para os muçulmanos.

Ainda na região, a Frente de Ação Islâmica, principal partido de oposição da Jordânia, convocou para hoje manifestações nacionais para contestar as reformas sociais.

Na Síria, os movimentos ocorrem via internet chamando os manifestantes para uma reação, depois das orações desta sexta-feira, numa ação designada Dia da Ira Síria. “Desobediência civil total em todas as cidades. Todas”, é o apelo que surgiu em árabe nas páginas da rede social Facebook sob o perfil The Syrian Revolution 2011. O movimento visa a contestar a política de Bachar al-Assad, no poder desde 2000.

Paralelamente, o vice-presidente egípcio, Omar Souleiman, nega as acusações de violência por parte do governo e das autoridades policiais contra os manifestantes e jornalistas estrangeiros no país. Segundo ele, os policiais e militares “comportaram-se bem”. “Ninguém foi morto por tiros de armas ou de atiradores. Impossível”, acrescentou. De acordo com o vice-presidente, as Forças Armadas “não usaram qualquer violência contra os manifestantes.”

Como durante toda esta semana, Souleiman apelou para que os manifestantes suspendam os protestos. “Pedimos que regressem para casa”, disse. Suleiman disse ainda que convidou a Irmandade Muçulmana – um dos principais grupos religiosos do país – para dialogar. Mas, segundo ele, os integrantes do grupo religioso estão “hesitantes” em relação ao convite.

Com informações da Agência Brasil
Edição Fábio M. Michel