Por mudanças

No Egito, Lula pede mais pacifistas em conselho da ONU e não ‘fomentadores da guerra’

Brasileiro, que se reuniu no Cairo com presidente egípcio, Abdul Al-Sisi, voltou a pedir reformas no Conselho de Segurança. Colegiado tem a mesma configuração do fim da Segunda Guerra e está em descompasso com a geopolítica e as necessidades do mundo atual

Reprodução/YouTube
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Em reunião no Cairo, Lula também assinou novos acordos comerciais e de tecnologia

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, nesta quinta-feira (15), mudanças no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), que deve ser “mais pacifista”. E não composta de “fomentadores da guerra”, acrescentou. Lula discursou em evento que celebra os 100 anos das relações diplomáticas entre os dois países, que contou com o presidente egípcio, Abdul Al-Sisi.

Ele defende mudanças no Conselho de Segurança desde o seu primeiro mandato (2003-2006). A crítica é em relação à composição, idêntica à do pós-Segunda Guerra Mundial. E que de lá para cá, a geopolítica do mundo mudou. Assim, segundo o líder brasileiro, o conselho não pode continuar com apenas cinco países com asssento permanente (Estados Unidos, Rússia, China, França e Reino Unido), os quais detêm poder de veto a propostas de resolução. do Brasil. As críticas de Lula se tornaram mais intensas em meio aos conflitos Rússia-Ucrânia e Israel-Hamas.

“É preciso que tenha uma nova geopolítica na ONU. É preciso acabar com o direito de veto dos países. E é preciso que os membros do Conselho de Segurança sejam atores pacifistas, e não atores que fomentam a guerra”, declarou Lula, que defende o cessar-fogo imediato em Gaza.

Sem entrar em detalhes, o presidente lembrou de guerras recentes, que não passaram pelo Conselho de Segurança da ONU: a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003 para derrubar o regime de Sadam Hussein, e em 2011, na Líbia, contra o regime de Muammar al-Gaddafi. “A Rússia não passou pelo Conselho de Segurança para fazer a guerra na Ucrânia. E o Conselho de Segurança não pode fazer nada na guerra entre Israel e Faixa de Gaza”, disse.

Israel tem primazia de descumprir decisões da ONU

“Ou seja: a única coisa que se pode fazer é pedir paz pela imprensa, mas que me parece que Israel tem a primazia de descumprir, ou melhor, de não cumprir nenhuma decisão emanada da direção das Nações Unidas”, disse Lula, que foi além: “De qualquer ângulo que se olhe, a escala da violência cometida entre 2 milhões de palestinos em Gaza, não encontra justificativa. Sempre vimos o Egito como um ator essencial na busca de uma solução para o conflito entre Israel e Palestina”, disse.

O Egito está na fronteira sul com a Faixa de Gaza. Até o momento tem sido a principal porta de entrada de ajuda humanitária e de evacuação de estrangeiros atingidos pelo conflito no qual o exército de Israel já matou mais de 29 mil palestinos desde o início de outubro. Segundo o governo israelense, as operações têm como objetivo libertar reféns e aniquilar o comando do Hamas, responsável por ataques que até aqui mataram pouco mais de 1.200 israelenses.

Segundo Lula, é “urgente” estabelecer um cessar-fogo definitivo para permitir a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza de forma “sustentável e desimpedida”. O presidente também repetiu que o Brasil é “terminantemente contrário à tentativa de deslocamento forçado do povo palestino”. “Não haverá paz sem um Estado Palestino convivendo lado a lado com Israel, dentro de fronteiras mutuamente acordadas e internacionalmente reconhecidas”, concluiu Lula.

Relações comerciais Brasil-Egito

Em seu discurso, Lula falou também sobre as relações entre Brasil e Egito, que apostam na “promoção do desenvolvimento econômico e social como pilares para a paz e a segurança”. E que e combatem “todas as manifestações de racismo, xenofobia, islamofobia e antissemitismo”. Além disso, que o Brasil voltou a apoiar a iniciativa egípcia de criação de uma “zona livre de armas no Oriente Médio”, a exemplo do que já existe na América Latina.

Lula também defendeu estreitar as parcerias com o Egito, país com o qual o Brasil completa 100 anos relações diplomáticas. Por isso, ambos firmaram nesta quinta novos acordos de cooperação técnica e comercial. O Egito passou a integrar o Brics, bloco que reúne economias de Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. “No Brics, vamos trabalhar juntos pela reforma da ordem global e da construção da paz”, afirmou ainda.

O governo egípcio também é parceiro nas prioridades da gestão brasileira à frente do G20, grupo das principais economias do planeta. Entre elas, a criação de ações globais contra a fome e as mudanças climáticas, e também a rediscussão da atuação do setor financeiro. Principalmente no auxílio aos países mais pobres.

Lula ainda defendeu ainda parceria estratégica entre os dois países. Para ele, o fluxo comercial atual está aquém da capacidade dos dois países. “Queremos uma relação comercial de ganha-ganha”, disse.

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Redação: Cida de Oliveira, com g1


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