Conflito

Lula reage a Netanyahu e chama de volta o embaixador do Brasil em Israel

Lula, declarado “persona non grata” em Israel, convocou embaixador brasileiro para saber mais sobre “reprimenda” imposta a ele em Tel Aviv. Presidente brasileiro não deverá se desculpar por comparar massacre israelense em Gaza com o Holocausto

Ricardo Stuckert / PR
Ricardo Stuckert / PR
Lula fala na 37ª Cúpula da União Africana, em Adis Abeba: Discurso desagradou Israel

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou de volta ao país o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, para dar esclarecimentos sobre a “reprimenda” em Tel Aviv. A medida foi tomada nesta segunda-feira (19), após o governo de Benjamin Netanyahu declarar que o líder brasileiro é persona non grata.

Segundo diplomatas, o Ministério das Relações Exteriores de Israel fez uma reprimenda ao embaixador Frederico Meyer, no Memorial do Holocausto, Yad Vashem — o que eles classificaram como um “show”. Isso porque, em geral, advertências a embaixadores são feitas nas sedes das chancelarias.

A “reprimenda” e a declaração de que Lula é persona non grata são reação a uma afirmação do presidente brasileiro, ontem, (18), quando ele comparou o massacre do povo palestino em Gaza promovido pelos israelenses ao Holocausto comandado por Adolf Hitler contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.

“O que está acontecendo na Faixa de Gaza com o povo palestino, não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse Lula, em entrevista coletiva concedida na 37ª Cúpula da União Africana, em Adis Abeba, Etiópia.

Lula comparou massacre israelense em Gaza ao Holocausto

O presidente brasileiro também classificou as mortes de civis em Gaza de “genocídio” e criticou países desenvolvidos por reduzirem ou cortarem a ajuda humanitária na região. Logo em seguida, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que Lula cruzou “uma linha vermelha” e que convocaria o embaixador brasileiro para explicações.

Segundo o portal Metrópoles, o presidente Lula decidiu que não fará, pelo menos por ora, qualquer discurso em que se desculpe com o governo de Israel pela declaração feita na Etiópia. A decisão foi tomada por Lula durante reunião com ministros e auxiliares, na manhã de hoje, no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.

Participaram o ex-chanceler Celso Amorim, principal assessor do presidente para assuntos internacionais, e o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta. Pesou na decisão de não se desculpar com Israel o diagnóstico no Planalto e no Itamaraty de que o governo israelense vem agindo, nas últimas horas, para “escalar” a crise. Principalmente ao levar o embaixador brasileiro ao Museu do Holocausto.

Ao blog da jornalista Andréia Sadi, no portal g1, Celso Amorim, chamou de absurda a decisão de Israel de declarar Lula persona non grata. “Isso é coisa absurda. Só aumenta o Isolamento de Israel. Lula é procurado no mundo inteiro e no momento quem é [persona] non grata é Israel.”

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Redação: Cida de Oliveira