Multidão vai às ruas no Iêmen, após ataques dos EUA e Reino Unido. China, Rússia e Irã reagem
Mais de 1,5 milhão de pessoas saíram às ruas de Sanaa, capital do Iêmen, em apoio ao grupo Houthi, alvo de bombardeios nesta madrugada. Grupo é apoiador dos palestinos
Publicado 12/01/2024 - 17h06
São Paulo – Mais de 1,5 milhão de pessoas saíram às ruas de Sanaa, capital do Iêmen, em apoio ao grupo Houthi, que foi alvo de bombardeios aéreos dos Estados Unidos e do Reino Unido durante a madrugada desta sexta-feira (12). Provenientes do norte do país, nas últimas semanas os rebeldes houthis têm sequestrado e atacado navios ligados a Israel no Mar Vermelho.
Combatentes do Houthi controlam grande parte do Iêmen e afirmam ter como alvo navios comerciais que suspeitam estarem ligados a Israel. Alegam agir em solidariedade com os palestinos na Faixa de Gaza, vítimas de ataques de Israel contra o Hamas.
China, Rússia e Irã reagiram aos bombardeios. O governo chinês disse estar “preocupado” com o aumento das tensões no Mar Vermelho. “Pedimos às partes envolvidas que mantenham a calma e moderação, a fim de evitar uma expansão do conflito”, disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning.
Já a porta-voz da diplomacia russa denunciou uma “escalada” que tem “objetivos destrutivos”. “Os ataques dos Estados Unidos no Iêmen são um novo exemplo da distorção, por parte dos anglo-saxões, das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e de um total desrespeito pelo Direito internacional, em uma escalada na região para alcançar os seus objetivos destrutivos”, afirmou Maria Zakharova.
O Irã, por sua vez, condenou os ataques aéreos norte-americanos e britânicos que são uma “ação arbitrária” e uma “violação flagrante da soberania” daquele país.
Solidariedade ao Iêmen e aos palestinos
O Iêmen é um país com um rico patrimônio histórico e cultural, que inclui sua capital, Sanaa, uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo. Rico em recursos naturais, incluindo reservas de petróleo, em grande parte inexploradas. O porto de Áden, ao sul, é um grande porto de águas profundas que pode acomodar grandes embarcações. Devido ao colonialismo, as partes norte e sul desenvolveram-se em rumos diferentes durante o século 20.
O presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a operação foi realizada “com sucesso” em “resposta direta aos ataques sem precedentes dos houthis a navios internacionais”. Ele evocou uma ação “defensiva” para proteger a comunidade internacional e alertou que “não hesitaria” em “ordenar novas medidas”, se necessário.
“Apesar dos repetidos avisos da comunidade internacional, os houthis continuaram a realizar ataques no Mar Vermelho (…) Por isso, tomamos medidas limitadas, necessárias e proporcionais em autodefesa”, declarou o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak.
“Os ataques reiterados a países como Palestina, Irã, Líbano, Síria, e agora Iêmen, vem causando um derramamento de sangue ao longo da história. A solidariedade à Palestina vem de longa data, assim como o repúdio aos bombardeios que vem dizimando um povo, matando mais de 23 mil pessoas e deixando quase 60 mil feridos. Não ficarão impunes! Esperamos que os países cúmplices do genocídio palestino, hoje alvo de julgamento no Tribunal de Haia, sejam responsabilizados”, escreveu a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) em sua conta na rede social X, antigo Twitter.
Iêmen 🇾🇪 Grande manifestação em Sanaa, Iêmen, em apoio aos Houthis pic.twitter.com/KtchpViL6g
— Maria P (@damadanoite14) January 12, 2024
Marcha de um milhão de homens da Conquista Prometida e da Jihad Sagrada que aconteceu hoje em Sana'a, capital do Iémen. (1/3) pic.twitter.com/P7s82Kw7wU
— Tânia Mandarino (@TaniaMandarino) January 12, 2024
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Redação: Cida de Oliveira, com Opera Mundi