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Indiciamento de Cristina Kirchner se dá por razões políticas, não jurídicas, diz defesa

Advogado afirmou que juiz Claudio Bonadio atua com motivações políticas contra ex-presidente, investigada por suposta fraude contra administração pública

casa rosada

Defesa de Cristina diz que motivos para indiciamento de ex-presidenta em processo são políticos

Opera Mundi – A defesa da ex-presidente da Argentina Cristina Kirchner afirmou hoje (16) que as razões para o indiciamento da ex-mandatária, investigada por suposta fraude contra administração pública em operações do Banco Central do país, são baseadas em razões políticas e não jurídicas e que vai recorrer da decisão.

“De jurídico, não tem nada. O que o juiz fez foi dar uma opinião sobre decisões em matéria de política econômica, às quais ele, de maneira totalmente forçada, quer dar uma consequência jurídico-penal”, afirmou o advogado Carlos Beraldi sobre o juiz Claudio Bonadio em entrevista a uma rádio argentina nesta manhã.

Segundo ele, nas 150 folhas do processo “há críticas à política econômica do governo anterior e, basicamente a política de ter controlado a taxa de câmbio”.

Beraldi anunciou que recorrerá da decisão e afirmou ser “público” o “grau de inimizade” de Bonadio contra sua cliente. “É uma decisão que já estava anunciada em todos os veículos de imprensa, portanto, não nos surpreendeu. O grau de inimizade manifesta que o juiz tem contra Cristina é público”, disse o advogado.

Segundo Beraldi, o indiciamento ocorreu a partir de “opiniões políticas”. “Os juízes deveriam decidir de acordo com o Direito, e o que Bonadio fez foi o contrário, não decidiu conforme o Direito e sim a partir de suas opiniões políticas. A decisão é claramente política”, diz.

Na sexta-feira (13), Cristina foi indiciada em uma investigação sobre supostas irregularidades em contratos de venda futura de dólar no Banco Central do país na parte final de seu mandato.

A ação foi aberta pelo senador Federico Pinedo (PRO) e pelo deputado federal Mario Negri (UCR), ambos da aliança Cambiemos, do presidente Mauricio Macri.

Originalmente, os denunciantes apontavam ao ex-presidente do Banco Central, Alejandro Vanoli, pela venda de dólar a futuro em agosto, setembro e outubro de 2015 a uma cotização inferior à que se pagou na data de vencimento dos contratos, em março deste ano. A alegação é de que a operação teria causado um prejuízo de 77 bilhões de pesos argentinos ao Banco Central.

Por considerar que a decisão de Vanoli teria necessariamente contado com o aval de Cristina e do então ministro da Economia, Axel Kicillof, Bonadio decidiu incluir os dois na investigação.

“Se houve algum crime foi pela desvalorização depois da chegada do novo governo (que levou o dólar para 14 pesos), já que os contratos do dólar futuro foram realizados na época em relação à taxa de câmbio oficial vigente na Argentina, menor do que a estabelecida em Nova York”, argumenta Beraldi.

“Falar de prejuízo é falar de uma consequência das decisões que tomaram durante este governo”, complementou o advogado de Cristina, em referência à administração de Macri.