Humala promete estabilidade no Peru e cita Lula

Humala busca aliados no segundo turno e terá de negociar para alcançar maioria no congresso peruano, caso seja eleito (Foto: Enrique Castro-Mendivil/Reuters) São Paulo – O vencedor do primeiro turno […]

Humala busca aliados no segundo turno e terá de negociar para alcançar maioria no congresso peruano, caso seja eleito (Foto: Enrique Castro-Mendivil/Reuters)

São Paulo – O vencedor do primeiro turno das eleições presidenciais no Peru, Ollanta Humala, voltou a prometer, nesta terça-feira (12), um clima estável para os investimentos caso seja eleito em 5 de junho. Ele acredita ainda que pode neutralizar conflitos sociais no país, e citou o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva como um modelo para isso.

Candidato de esquerda na eleição presidencial, Humala ficou em primeiro lugar no primeiro turno da eleição, realizado no domingo (10). Ele vai disputar a presidência com a candidata Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori (atualmente preso e presidente do país de 1990 a 2000). O Peru é uma das economias que crescem com maior rapidez na região. Apesar disso, o atual presidente, Alan García, não conseguiu emplacar um sucessor.

Humala tem adotado um tom cada vez mais moderado para aumentar suas chances no segundo turno contra a populista de direita Keiko Fujimori. Analistas acreditam que os demais candidatos podem unir-se em torno da postulante conservadora, tirando a vantagem do atual líder, a exemplo do que ocorreu em 2006. Há cinco anos, a plataforma de campanha usada trazia uma maior carga anticapitalista.

Agora, ele garante manutenção de concessões feitas às empresas privadas, respeito à independência do Banco Central, responsabilidade fiscal e respeito a pactos de livre comércio. Por isso, a comparação com Lula é recorrente. A exemplo do que ocorreu em 2002, há volatilidade em mercados de câmbio envolvendo o nuevo sol, moeda peruana.

“O que quer um investidor? Um investidor quer estabilidade contratual e paz social”, disse ele à rádio RPP. Humala distanciou-se de Hugo Chávez, presidente da Venezuela e crítico feroz dos EUA, e diz que Lula conseguiu unir crescimento econômico e programas sociais eficazes.

Em entrevista a emissoras peruanas sobre a campanha para o segundo turno, Humala declarou estar disposto a chegar a “consensos” com os opositores. Segundo ele, sua atenção agora está voltada ao segundo turno do pleito, e não para a formação de um possível “gabinete”, conforme especulações de que o esquerdista estaria à procura de alianças para montar seu ministério.

Com 92% dos votos de domingo contabilizados, as autoridades afirmaram que Humala tinha 31,8% dos votos. A deputada Keiko Fujimori estava com 23,5%, e o ex-banqueiro de Wall Street Pedro Pablo Kuczynski contava com 18,7% dos votos.

Humala, que se coloca como um homem do povo cuja intenção é acabar com a pobreza que aflige um terço dos peruanos, diz que resolverá os conflitos sociais que têm colocado em risco cerca de US$ 40 bilhões em projetos de mineração e petróleo.

Congresso dividido

Seja quem for o vitorioso em junho, o próximo presidente peruano terá de lidar com um Congresso pouco coeso. A aliança de partidos de esquerda de Humala conquistou 46 assentos dos 130 assentos no legislativo unicameral. Atualmente, eles possuem 25 vagas. Os aliados de Keiko Fujimori têm 38, segundo estimativas. O Apra, do presidente Alan García, despencou de 36 para quatro parlamentares eleitos.

As 20 cadeiras necessárias para Humala ter maioria dependem de acordos posteriores. A coalizão Peru Possível, ligada ao ex-presidente Alejandro Toledo, terá 21 legisladores. A Aliança pela Grande Mudança, do conservador Pedro Pablo Kuczynski, ficará com 12, e a Solidariedade Nacional, do ex-prefeito de Lima Luis Castañeda, terá seis representantes.

O campeão de votos foi Kenji Fujimori, irmão de Keiko e também filho de Alberto Fujimori. Aos 30 anos, ele repete o feito da irmã em 2006, quando obteve o melhor desempenho. 

Com informações da Reuters e OperaMundi

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