Conflito

Forças de Putin se aproximam de Kiev, capital da Ucrânia

Tomada da capital ucraniana é o principal objetivo para fechar o cerco ao presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski

© Sputnik / Yevgeny Odinokov
© Sputnik / Yevgeny Odinokov
"O Ocidente tomou completamente o lado do regime de Kiev em seus esforços de sabotagem e, por fim, destruição dos Acordos de Minsk", afirmou o ministro russo Sergei Lavrov

São Paulo – O segundo dia do conflito militar entre Rússia e Ucrânia é marcado pela expectativa em relação à chegada das forças do presidente russo, Vladimir Putin, à capital ucraniana, Kiev. A agência de notícias AFP reportou que as tropas ucranianas informaram que enfrentam unidades de blindados russos nas localidades de Dymer e Ivankiv, situadas a 45 e 80 km ao norte de Kiev, respectivamente.

Por volta das 10h (5h em Brasília), o Ministério da Defesa da Ucrânia disse haver registrado a infiltração de russos no bairro de Obolon e pediu para que moradores avisem a polícia e joguem coquetéis molotov se avistarem suspeitos.

“O movimento parece confirmar a hipótese de que a Rússia de fato mira Kiev como seu principal alvo nesta guerra, ainda que haja combates e ataques ocorrendo em quase todas as partes do país —inclusive o oeste, área considerada mais imune devido à sua proximidade da fronteira com a membro da Otan (aliança militar ocidental) Polônia”, reporta Igor Gielow, enviado da Folha de S.Paulo a Moscou.

“Os moradores da capital acordaram com sons de explosões de mísseis balísticos, provavelmente modelos Iskander lançados de Belarus, e de cruzeiro, disparados de aviões. Um caça Su-27 ucraniano, modelo soviético usado por Moscou e Kiev, foi abatido sobre a cidade e caiu sobre um bloco residencial, deixando um número incerto de vítimas”, reporta ainda a Folha de S.Paulo.

A imagem correu a internet, com o avião em chamas iluminando o céu da madrugada. A Ucrânia fala em 137 mortos de seu lado e talvez 800 baixas russas, o que não é auferível. Ambos os lados relatam ter destruído equipamento inimigo.

Enquanto isso, a batalha pelo aeroporto ​Antonov, em Hostomel (25 km a noroeste do centro de Kiev) seguiu noite adentro, após forças aerotransportadas russas o terem tomado na véspera. As informações são confusas, como sempre são em guerras. Os ucranianos dizem ter retomado a pista, enquanto em Moscou analistas militares dizem que a 76ª Divisão Aerotransportada de Pskov já está pronta para ser levada em aviões de transporte Il-76 para estabelecer uma cabeça de ponte no aeródromo.

Ucrânia e Ocidente

Nesta sexta-feira (25), em encontro com representantes de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL), o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, manifestou o posicionamento russo sobre a situação estabelecida na Ucrânia. Para o chefe da diplomacia da Rússia, “o Ocidente ficou completamente do lado das autoridades ucranianas na sabotagem dos Acordos de Minsk”.

Nas últimas 24 horas, os ataques das forças ucranianas em Donetsk resultaram em dois civis mortos e outros 12 feridos.

Em declaração nessa quinta-feira (24), o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou o início de uma operação militar especial na região de Donbass, onde ficam as repúblicas populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL, respectivamente).

A Defesa russa informou que as Forças Armadas do país não realizam ataques aéreos, de foguetes ou de artilharia contra as cidades da Ucrânia.

As tensões entre os dois países já vinham aumentando nos últimos meses, devido a uma aproximação da Ucrânia com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e à possibilidade de instalação de poderosos armamentos ocidentais perto das fronteiras russas.

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Para Moscou, a possível adesão da Ucrânia à aliança ocidental ultrapassa todos os limites aceitáveis, ameaçando gravemente a segurança russa. Apesar dos diversos apelos diplomáticos feitos pelo Kremlin na tentativa de que os Estados Unidos e seus aliados europeus levassem em conta as preocupações russas ligadas a esse avanço da organização militar liderada por Washington, não foram registrados progressos nas negociações.

A situação se deteriorou nos últimos dias, em meio a uma série de ataques das forças ucranianas contra o leste do país e de declarações polêmicas do governo de Vladimir Zelensky, de que Kiev poderia renunciar a seu status não nuclear, acordado em 1994 no Memorando de Budapeste.


Com informações da Folha de S.Paulo, R7 e agência Sputinik Brasil