Fidel pede Nobel para Hillary por ‘apoio’ a golpe em Honduras
Honduras está em um momento de grande tensão por causa da ida de Zelaya para a fronteira entre Nicarágua e Honduras
Publicado 24/07/2009 - 13h17
Havana – O ex-presidente cubano Fidel Castro pediu ironicamente que fosse concedido um Prêmio Nobel à secretária norte-americana de Estado, Hillary Clinton, pela “genial ideia” de escolher Oscar Arias como mediador da crise em Honduras e assim “consolidar” o golpe de Estado.
Em sua sexta coluna seguida sobre a crise política em Honduras, Fidel criticou nesta sexta-feira (24) na imprensa oficial cubana a mediação do presidente costa-riquenho e disse que ele tentou “desmoralizar” os órgãos internacionais, como a OEA e a ONU, que apoiaram o presidente deposto, Manuel Zelaya.
“Só falta algo para premiar a ideia genial ianque de pensar em Oscar Arias para tratar de ganhar tempo, consolidar o golpe e desmoralizar os órgãos internacionais que apoiaram Zelaya”, afirmou Fidel.
“É preciso que sejamos justos, e enquanto esperamos a última palavra do povo de Honduras, devemos pedir um Prêmio Nobel para a senhora Clinton”, disse Fidel, que acusou os Estados Unidos de estarem por trás do golpe em Honduras, ocorrido em 28 de junho.
O artigo do ex-presidente cubano surge em um momento de grande tensão por causa da ida de Zelaya para a fronteira entre Nicarágua e Honduras, em sua segunda tentativa de regressar ao país.
Zelaya empreendeu o regresso depois de encerrar as negociações com representantes do governo de facto instalado em Tegucigalpa, liderado por Roberto Micheletti, que garantiu que se o presidente deposto puser um pé em Honduras será preso sob a acusação de violar a Constituição.
Fidel, de 82 anos e ausente da vida pública desde que adoeceu há quase três anos, disse que se tivessem sido cumpridas as medidas aprovadas na reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos (OEA) o “golpe de Estado não teria sobrevivido à resistência pacífica do povo hondurenho”.
Em princípio, a OEA solicitou ao governo interino reconduzir Zelaya ao poder, mas diante da negativa de Micheletti, a organização suspendeu Honduras.
O governo liderado por Micheletti não foi reconhecido por outros países nem organismos financeiros internacionais. A União Europeia suspendeu sua ajuda econômica a Honduras, adicionando outro elemento de pressão sobre o país, um dos mais pobres das Américas.
Os Estados Unidos condenaram o golpe militar e o presidente Barack Obama disse que Zelaya deveria regressar ao poder. Obama propôs negociações mediadas por Arias como meio de conseguir uma saída pacífica para a pior crise na história recente da América Central.
Fonte: Reuters