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EUA e Reino Unido apostam na radicalização da guerra na Ucrânia, afirma professor

Para Giorgio Romano, da UFABC, nenhum país até agora agiu em prol de um cessar-fogo efetivo entre russos e ucranianos

Victoria Pickering/Flickr
Victoria Pickering/Flickr
E-mails da empresa Meta, responsável por Instagram e Facebook, mostram a liberação de manifestações a favor da morte de Putin e soldados russos, além da defesa de militares nazistas ucranianos

São Paulo – A guerra da Rússia contra Ucrânia chegou ao 16º dia nesta sexta-feira (11), com a atenção voltada para a movimentação russa no entorno da capital ucraniana, Kiev. Bombardeios foram relatados em cidades próximas como Dnipro e Lutsk, além de outros pontos do país nesta madrugada.

Para o professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC (UFABC), Giorgio Romano, nenhum país age para interromper o conflito sem propor negociações com a Rússia. “Há algumas iniciativas, mas tem muitas coisas de bastidores. Por parte dos Estados Unidos e Reino Unido, o interesse é radicalizar a guerra. Entretanto, a França e a Alemanha mantêm o diálogo com Putin. E estes países sabem que o conflito vai passar e não adianta apostar na guerra”, afirmou, em entrevista a Rodrigo Gomes, no Jornal Brasil Atual.

Na quarta-feira (9), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, disse que os ucranianos também estão lutando pelos demais países europeus na guerra com a Rússia. Nesta manhã, o governo local anunciou a abertura de rotas de evacuação em corredores humanitários pelo país. Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 2,5 milhões de pessoas fugiram do país desde o início do conflito, em 24 de fevereiro.

Otan

Quase duas semanas depois que os primeiros tanques russos cruzaram a fronteira ucraniana, a invasão do país pela Rússia teve um impacto profundo na Europa, dentro e fora da Otan, como é o caso de Suécia e Finlândia.

Os dois países, que pertencem à União Europeia mas não fazem parte da organização militar, mantêm uma estreita cooperação de defesa entre si e com a Aliança Atlântica. A Finlândia compartilha uma longa fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, e as duas nações sempre mantiveram um equilíbrio histórico entre a Otan e Moscou, mas agora estão abertos a discutir outras opções.

De acordo com Giorgio Romano, uma das demandas do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para o cessar-fogo pode ser mal sucedida. “A estratégia dele parece ter um efeito reverso, podendo ter mais presença da Otan em suas fronteiras, quando exigia menos. Enquanto isso, estamos vendo também o cerco a Kiev, com bombardeios pontuais, para ainda tentar derrubar o presidente da Ucrânia. E o Ocidente está numa posição forte, fala grosso contra os russos, mas sem abrir negociação pelo cessar-fogo“, acrescentou.

Facebook entra na guerra

Conforme publicou a agência Reuters ontem (10), e-mails internos da Meta, empresa responsável pelo Facebook e Instagram, enviados aos moderadores de conteúdo das plataformas confirmam a mudança temporária na política da gigante de tecnologia em postagens no contexto da operação militar da Rússia na Ucrânia.

Os novos parâmetros liberam até mesmo publicações pedindo a morte do presidente russo, Vladimir Putin, e do presidente belarusso, Aleksandr Lukashenko, nos seguintes países: Ucrânia, Polônia, Rússia, Armênia, Azerbaijão, Estônia, Geórgia, Hungria, Letônia, Lituânia, Romênia e Eslováquia.

Os documentos do Facebook também justificam que postagens pedindo violência contra soldados russos serão liberadas, pois são utilizadas para atacar as Forças Armadas da Rússia como um todo. A liberação, porém, não permitirá esse tipo de conteúdo contra prisioneiros de guerra.

Além disso, os e-mails obtidos pela Reuters mostram que a Meta permitirá elogios ao Batalhão Azov, grupo militar ucraniano de cunho neonazista. Esse tipo de publicação é normalmente proibida nessas plataformas. A mudança de política foi relatada pela primeira vez pelo site The Intercept.