‘Retirar embaixador é o gesto mais forte do Brasil contra Israel’, diz federação palestina
Lula removeu Frederico Meyer, constrangido pelo governo Netanyahu em fevereiro, sem nomear substituto. O escritório em Tel Aviv será conduzido pelo número 2, sinalizando mudanças da pioridade do atual governo israelense para o Brasil
Publicado 29/05/2024 - 11h45
São Paulo – A retirada definitiva do embaixador brasileiro de Israel Frederico Meyer é avaliada como o gesto diplomático mais forte do Brasil em relação ao governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu até o momento, segundo a Federação Árabe Palestina do Brasil (Fepal). “Lula retira embaixador do Brasil em ‘Israel’ de forma definitiva. É o gesto diplomático mais forte feito pelo Brasil contra ‘Israel’ até agora”, declarou nesta quarta-feira (29) a entidade que representa a comunidade palestina no Brasil em postagem em seu perfil oficial na rede social X, antigo Twitter.
A federação reagiu ao decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nomeou o embaixador do Brasil Frederico Meyer como representante permanente do país na Conferência de Desarmamento da ONU. Pelo decreto também publicado mais cedo, Lula retira o diplomata de seu posto em Israel de forma definitiva. Como não indica um substituto, o diplomata Fábio Moreira Farias, atual número dois e encarregado de negócios, passará a responder pelo escritório em Tel Aviv.
Lula retira embaixador do Brasil em "israel" de forma definitiva.
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) May 29, 2024
É o gesto diplomático mais forte feito pelo Brasil contra "israel" até agora. pic.twitter.com/WP52COAHA7
Com isso, a embaixada muda a configuração de sua representação. Do ponto de vista diplomático, sinaliza ao governo de Benjamin Netanyahu a mudança na sua relevância para o governo brasileiro. E apesar de ser o gesto mais forte do Brasil, não é um ato de ruptura nas relações diplomáticas entre ambos.
Embaixador brasileiro foi constrangido pelo governo de Israel
O relacionamento entre os dois governos entrou em crise em fevereiro, quando Netanyahu declarou Lula persona non grata. O primeiro ministro reagiu a uma fala do brasileiro, que comparou as ações do exército israelense em Gaza, que mata em sua maioria mulheres e crianças, às dos nazistas na Segunda Guerra. Israel também exigiu que Lula pedisse desculpas, o que não ocorreu. E submeteu Meyer a constrangimentos em Tel Aviv. A fala de Lula ganhou repercussão e apoio internacional.
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Em seguida Lula chamou o embaixador de volta a Brasília, para consultas. Na semana passada, porém, Meyer retornou a Israel. Lá cumpriu algumas atividades burocráticas, mas sem comunicados oficiais com o governo local.
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Redação: Cida de Oliveira